Alunos investigados por ato obsceno em jogos universitários alegaram ‘brincadeira’, diz delegado

DIG de São Carlos (SP) ouviu dois estudantes, diretores de atléticas e alunas que jogavam vôlei quando ocorreu uma simulação de masturbação, em abril. Mais de 40 devem ser ouvidos.

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos (SP) ouviu dois estudantes suspeitos de ato obsceno durante jogos universitários CaloMed, realizados em abril deste ano. Eles alegaram que a simulação de masturbação foi uma “brincadeira” e que a “situação é corriqueira” nesses eventos.

Reprodução/EPTV

Delegado João Fernando Baptista, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos, fala sobre apuração de ato obceno em jogos universitários

Os nomes dos estudantes não foram divulgados e, por isso, o g1 não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta reportagem. Eles estão entre os 15 alunos que tinham sido expulsos da Universidade Santo Amaro por conta de atos. Contudo, dias depois, a universidade atendeu à uma decisão judicial e reintegrou os alunos.

Cinco deles acionaram a justiça e obtiveram liminares para reintegração. Depois da decisão, a Unisa decidiu reintegrar todos os estudantes.

Investigação

Segundo o delegado da DIG de São Carlos, João Fernando Baptista, os depoimentos começaram por videoconferência na quinta-feira (7) e devem continuar até o início de novembro. Já foram ouvidas 12 pessoas e, no total, 42 devem prestar depoimento.

A mais recente oitiva foi realizada aconteceu na manhã desta terça (10). Já foram ouvidos:

  • dois alunos de medicina suspeitos de ato obceno;
  • quatro diretores de atléticas;
  • seis estudantes que disputavam a partida de vôlei.

Segundo o delegado, os dois estudantes suspeitos do ato tiveram depoimentos parecidos. O caso segue em segredo de Justiça, então Baptista não pode dar detalhes.

“Eles comentaram que aquilo que foi gravado era parte de um brincadeira e que alunos de outras universidades também fizeram algo parecido. Disseram que isso é corriqueiro nesses jogos e que não foi um ato isolado”, afirmou Baptista.

Relatos ouvidos pelo g1 e pela TV Globo, em setembro, apontaram que os atos obcenos fazem parte de condutas exigidas aos novatos por um grupo de veteranos do curso. A “cartilha de obrigações” existe há mais de dez anos e é reproduzida e mantida por alguns desses veteranos.

Os nomes dos envolvidos foram enviados para a polícia pela universidade. A polícia não conseguiu identificar estudantes através dos vídeos por conta da baixa qualidade. O delegado afirmou que a polícia deverá colher depoimentos na capital, mas não informou a data.

Simulação de masturbação

Vídeo divulgado nas redes sociais mostra alunos da Unisa ao fundo com as calças abaixadas simulando uma masturbação — Foto: Reprodução/Redes sociaisVídeo divulgado nas redes sociais mostra alunos da Unisa ao fundo com as calças abaixadas simulando uma masturbação — Foto: Reprodução/Redes sociais

O caso ganhou repercussão no dia 17 de setembro deste ano, após a publicação de um vídeo com a cena nas redes sociais. No entanto, o episódio aconteceu em abril, durante os jogos universitários CaloMed.

Por meio de nota, a Unisa disse que tomou conhecimento das “gravíssimas ocorrências” durante a segunda-feira (18), ao receber as publicações que estavam circulando pelas redes sociais.

As testemunhas ouvidas disseram ao delegado que as ofensas não foram contra as alunas que estavam em quadra, disputando o jogo de vôlei, mas sim uma provocação ou resposta para os indivíduos que estavam do outro lado do ginásio.

Excessos de universitários registrados nas últimas competições de Medicina em São Carlos, no interior de SP, neste ano de 2023. — Foto: ReproduçãoExcessos de universitários registrados nas últimas competições de Medicina em São Carlos, no interior de SP, neste ano de 2023. — Foto: Reprodução

“Esses alunos [que abaixaram as calças] são todos da Unisa. As testemunhas nos disseram que eles abaixaram as calças e simularam a masturbação porque do outro lado da quadra, os demais alunos, de um time rival, estavam com as calças abaixadas mostrando as nádegas”, explicou ao g1 em setembro.

Os alunos são investigados por ato obsceno, mas, caso haja a identificação de alguma vítima em que a atuação deles foi com o objetivo de satisfação da vontade sexual, eles poderão responder pelo crime de importunação sexual.

O ato obsceno e está previsto no artigo 233 do Código Penal. A punição pode variar de 3 meses a 1 ano.

Fonte: g1

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