Mais um escândalo tomou conta dos bastidores da Itália, que enfrentará Malta neste sábado (14), às 15h45 (de Brasília), pelas eliminatórias da Eurocopa.
Dois dias antes da partida, representantes da Procuradoria da República entraram na concentração da Azzurra e interrogaram o volante Sandro Tonali, do Newcastle, e o atacante Nicolò Zaniolo, do Aston Villa, por suposto envolvimentos em apostas, uma prática considerada ilegal.
Eles tiveram seus telefones apreendidos pela polícia durante a investigação e foram cortados da seleção na quinta-feira (12). De acordo com o jornal La Repubblica, os italianos quase choraram ao explicar a situação às suas famílias e aos agentes, insistindo que nunca tinham apostado em partidas de futebol.
Zaniolo teria dito que não sabia que a plataforma era ilegal e apostou apenas em jogos de azar como blackjack e pôquer, o que é permitido pelas autoridades italiana. Os jogadores são proibidos de apostar em partidas de futebol. Caso violem as regras, eles poderão pegar uma suspensão de três anos e uma multa.
As autoridades italianas investigam há meses o envolvimento de atletas em apostas. O primeiro nome do caso a ser divulgado foi o do meia Fagioli, da Juventus, que teve seu celular apreendido. Em seguida, foi a vez da dupla da seleção italiana.
Ao menos outro sete atletas, incluindo séries A e B da Itália, estariam sendo investigados, de acordo com o La Repubblica.
Rei dos paparazzi divulgou o escândalo
O responsável pela divulgação dos nomes foi uma figura controversa que ganhou notoriedade na Itália nos últimos 20 anos: Fabrizio Corona. Ele afirmou, ao site Dillinger News, que Zaniolo chegou a fazer apostas no jogo do próprio time, a Roma, pela Copa da Itália, quando estava no banco de reservas.
Na sexta, ele disse que o jogador Nicola Zalewski, da Roma, é outro envolvido no caso.
Corona é um fotógrafo que ficou conhecido como o “rei dos paparazzi”, já foi acusado de chantagear diversos jogadores famosos no país, incluindo Totti, Adriano Imperador e Coco.
Em 2007, ele foi condenado a cinco anos de prisão por tentar extorquir à época o atacante David Trezeguet, da Juventus. Ele teria pedido dinheiro para que não divulgasse fotos constrangedoras do francês.
Em 2013, Corona chegou a fugir e a entrou na lista de procurados da Interpol em toda a Europa, mas foi posteriormente recapturado em Lisboa. O italiano foi preso outra vez apenas três anos depois por não ter declarado 1,7 milhão de euros em espécie encontrados em sua posse.
Veja outros escândalos na Itália:
Totonero (1981)
Este não foi o primeiro escândalo de apostas envolvendo jogadores da Itália. O ex-centroavante Paolo Rossi foi um dos 20 atletas que receberam punições esportivas na Itália por conta do esquema que ficou conhecido no país como Totonero, em 1980. Ele era um dos envolvidos no esquema de manipulação de resultados de um mercado paralelo da loteria esportiva oficial italiana.
Apesar de ter sido condenado a um ano de prisão, Rossi não foi para a cadeia e teve suspensão de três anos reduzida. Mais tarde, ele foi campeão e artilheiro da Copa do Mundo de 1982, em uma campanha marcada pela vitória sobre o Brasil de Zico, Sócrates e Telê Santana.
Milan e Lazio foram rebaixados, enquanto outros cinco clubes perdendo pontuação para a edição seguinte do Campeonato Italiano.
Calciopoli (2006)
Às vésperas da Copa do Mundo de 2006 houve uma denúncia por escalação de árbitros comprados para apitar jogos de clubes do Campeonato Italiano como Juventus, Milan, Fiorentina, Lazio, Reggina e Siena. Também estavam envolvidos dirigentes, inclusive da Federação Italiana.
Em primeira instância, Juventus, Fiorentina e Lazio foram punidas com o rebaixamento à segunda divisão. Após os clubes apelarem, a pena foi diminuída para os dois últimos, e somente a Juve de fato caiu para a Série B italiana.
O Milan perderia 30 pontos para o campeonato seguinte e seria impedido de disputar a Champions League, mas acabou perdendo apenas 8 pontos e disputou a Liga dos Campeões. Reggina e Siena, por sua vez, perderam 11 e 1 ponto, respectivamente.