A Embaixada de Israel no Brasil adotou um tom crítico em relação ao PT, mas não vai alimentar atritos diretos com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informaram à CNN fontes próximas à diplomacia israelense.
Ontem, em nota, a embaixada criticou duramente a resolução aprovada no dia anterior pelo partido, que dá tratamento semelhante a Israel e ao Hamas ao comentar o conflito na região.
Em conversas reservadas, membros da diplomacia israelense manifestaram forte descontentamento com a postura adotada pelo PT diante da guerra no Oriente Médio. Ainda assim, a ordem, segundo relatos feitos por interlocutores à CNN, é não criar nenhum tipo de “indisposição” com o governo brasileiro.
Na nota emitida ontem, a embaixada israelense afirmou que “é muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger seus cidadãos”.
A afirmação se refere à resolução aprovada na segunda-feira pelo diretório petista, com críticas aos ataques a civis, mas também à reação de Israel.
“Condenamos os ataques inaceitáveis, assassinatos e sequestros de civis cometidos, tanto pelo Hamas quanto pelo Estado de Israel, que realiza neste exato momento um genocídio contra a população de Gaza, por meio de um conjunto de crimes de guerra”, dizia o texto petista.
Ontem, após a nota da embaixada vir a público, o PT divulgou um novo comunicado. No texto, o partido de Lula diz que a embaixada faz uma interpretação “totalmente falsa e maliciosa” do documento do diretório.
O PT tem um histórico de defesa da causa palestina e vem lidando com uma forte crise interna desde a escalada do conflito entre o Hamas e Israel.
Parte da legenda pressiona para que o governo adote um tom mais crítico em relação ao governo israelense. Mas Lula orientou expressamente sua equipe a manter um discurso de equilíbrio em relação ao assunto.
A ordem dada pelo presidente é não classificar o Hamas como grupo terrorista – até por não ser esta a classificação feita pela ONU -, mas sim a condenar veementemente atos cometidos pelo grupo radical islâmico.
Para dar uma satisfação à base petista, integrantes do governo têm investido no discurso de que o Brasil precisa priorizar seu papel como presidente do Conselho de Segurança da ONU, com a defesa da criação de um corredor humanitário e de um cessar-fogo.