Na internet, as músicas da cantora Bibi Babydoll têm despontado nas paradas musicais com batidas que misturam funk e eletrônico e que chamam a atenção, também, pelo apelo sexual.
Em julho deste ano, Bibi chegou ao primeiro lugar no Spotify da Ucrânia com a música ‘Automotivo Bibi Fogosa’, em parceria com DJ Brunin XM. Nesta terça-feira (24), a música soma mais de 128 milhões de reproduções na plataforma.
Bibi Babydoll é o nome artístico de Beatriz Alcaide Santos, de 25 anos. Natural de Curitiba, ela é formada em publicidade e propaganda. Em 2021, a jovem se mudou para São Paulo para investir na carreira.
“Foi chocante, né? Eu acredito que por conta de que eles já ouvem eletrônico na Ucrânia, na Rússia, também tem umas músicas ali meio similares que são consumidas”, disse.
A cantora lembra que a música começou a ser ouvida aqui no Brasil para então estourar no exterior.
Eu acho que foi com a força do Tiktok, mas ela (a música) começou aqui… Só que aqui é país muito grande, né? Começou a fazer barulho aqui pra daí começar a ser ouvido lá na Europa, no Leste Europeu e se tornou da Ucrânia e entrou em charts de vários países”, explicou a artista.
Além de atingir top 1 na Ucrânia, também em julho deste ano, a música ficou em 1º lugar na lista global de músicas virais do Spotify e na 82ª posição nas músicas mais ouvidas do mundo na plataforma.
Atualmente, a música continua fazendo sucesso na Ucrânia e ocupa o 13º lugar na lista de mais tocadas do país.
A música atravessou fronteiras e também conquistou países da América do Sul, além de Espanha e México. Por ter atingido um grande público internacional, Bibi estuda a possibilidade de fazer um trabalho em espanhol e até uma turnê internacional.
Outra meta almejada é se apresentar em programas de televisão, por isso, lançou a versão censurada da música, com palavras menos explícitas.
“Eu pretendo continuar nessa sonoridade e, ao mesmo tempo, explorar novas”.
Na segunda (23), a música ocupava as seguintes posições no Spotify:
#13 Ucrânia
#20 Arábia Saudita
#24 Cazaquistão
#45 Bielorrússia
#67 Portugal
#70 Lituânia
#74 Letônia
#89 Estônia
#93 Emirado Árabes Unidos
#127 Peru
#130 Bolívia
#166 Eslováquia
#175 Marrocos
#177 Panamá
#199 Bulgária
Outra música de Bibi que está entre as mais ouvidas dela no Spotify se chama “OnlyFans”.
Nela, a jovem diz que “não nasceu para ser CLT”, uma referência à Consolidação das Leis Trabalhistas que rege as relações entre empregadores e empregados no Brasil.
Bibi Babydoll se inspira em Lady Gaga e Anitta
Bibi conta que o envolvimento dela com a música começou na infância, quando fez aula de jazz. Depois disso, passou a ser influenciada por outras referências, como Lady Gaga e outros artistas do mundo pop.
“Foi quando eu vi a Anitta que eu descobri que era possível ter uma carreira de artista pop no Brasil. Anitta e Pablo Vittar. […] O pop não é gênero, ele é aquilo que é popular e as músicas pops no Brasil são derivadas de algum ritmo brasileiro”, disse.
Faíscas e mais faíscas
O rock também é referência para a curitibana, como a banda alemã Rammstein, que utiliza pirotecnia nos shows.
O uso de fogos nas apresentações da banda, inclusive, influenciaram a cantora a utilizar artefatos diferenciados durante as próprias apresentações, como uma esmerilhadeira – ferramenta para cortar, polir, lixar e fazer acabamentos em peças de aços e estruturas metálicas.
Por cinco anos, durante os shows, ela utilizou a peça para soltar faíscas em placas de aço presas ao próprio corpo.
Quando começou a cantar, sentiu a necessidade de se adaptar, pois a ferramenta podia causar um acidente nos palcos.
“As faíscas não queimavam, o problema era a esmerilhadeira, né? Eu já encostei na minha pele. Imagina se aquele disco sai voando, tanto pra mim, quanto em uma pessoa do público?”, disse.
Agora, a cantora utiliza outro dispositivo, acionado por um botão acoplado na roupa, que dispara faíscas de forma mais segura.
“A gente pegou esse míssil e conseguiu colocar na roupa, e eu disparo atrás (…). É conectado a uma caixinha que eu aperto e eu mesmo faço o disparo. Ele tem essa parte de velcro que eu colo num cinto que eu tenho e que ficar bem no meio das pernas e daí eu aperto e sai só o fogo”, disse Bibi.
Antes da música, Bibi se dedicava à dança
Bibi conta que antes de investir no funk, começou a trabalhar em festas como performer, fazendo danças e coreografias nos palcos, principalmente, em festas de músicas eletrônicas, ao lado de DJs.
A adrenalina que o público expressava foi um dos motivadores para a artista.
“Quando eu me apresentava no show dos outros, era sempre trabalho bastante visual. Eu e outras performances que eu conhecia. Umas montagens, umas maquiagens, umas produções bem grandes e bem visuais, só que ninguém nunca aplaudia, quero dizer, apreciavam… Só que eu só ouvia a galera fazendo ‘uhhhh’, aplaudindo, quando o DJ fazia uma virada muito foda da música. Aí a galera fazia ‘uhhhhh’. Daí, eu falei: ‘quero essa galera aplaudindo pra mim'”.
Enquanto estudava e trabalhava nas festas, Bibi investia também em aulas de produção musical. Após aprender a fazer música pelo computador, iniciou aulas de canto.
O trabalho em meio à cena musical fez com que ela também conhecesse produtores e contratantes da área. Em 2021, lançou o primeiro trabalho, a música “Pirigótika”.
Bibi Babydoll relatou que sempre gostou de arte sensual e expressões artísticas que envolvem nudismo. Além disso, falava do tema nas redes sociais.
“Eu defendia muito as meninas que se expressavam. Nunca surpreendeu minha família, minha família sempre soube que eu fui assim”.
Antes de entrar para a música, ela lembra que ganhou dinheiro vendendo fotos e vídeos em uma rede social de conteúdos adultos. Foi com o dinheiro das vendas que ela pagou o primeiro clipe.
“Nunca me envergonhei disso. Porque muito antes de eu decidir vender foto, eu já me expressava sensualmente e já era problematizada”, contou.
Funk automotivo
Quando decidiu investir no funk, Bibi lembra que buscou qual sonoridade do ritmo combinava mais com o próprio estilo.
Nas pesquisas, ela se encontrou com o funk automotivo, estilo ligado à cena de carros modificados e equipados com sistemas de som potentes.
As batidas são firmes e pesadas, projetadas para serem ouvidas em sistemas de som de veículos.
“Fui estudando vários estilos, estudando como que eles trabalhavam, que era diferente de como eu tinha aprendido lá em Curitiba. Eu achava que precisava de estúdio, sempre desembolsar maior grana no estúdio”, contou.
Há dois anos, Bibi resolveu se mudar para São Paulo para investir na carreira. Segundo ela, a cidade abre mais portas para o funk do que Curitiba.
Origem do nome
Segundo a funkeira, o pseudônimo babydoll vem do filme Sucker Punch, de 2011, que tem uma personagem com o mesmo nome.
“Ela é loirinha, usa maria chiquinha. Tem uma música de uma banda que eu gosto que tem esse nome, então eu gostei da palavra. Ficava bonitinho escrito, né?”, disse.
Bibi contou que o complemento ‘babydoll’ não estava planejado para permanecer por muito tempo, mas como ela estourou com ele, pretende mantê-lo.