Equipes da Operação Policial Litorânea Integrada (Oplit) prenderam na tarde deste domingo, 5, o alagoano condenado por estuprar o próprio filho. O alagoano foi condenado pela Justiça da Paraíba a 13 anos e seis meses de prisão pelo crime de estupro de vulnerável praticado em 2018 contra o próprio filho, com quatro anos na época. A prisão foi confirmada à reportagem pelo coordenador da Oplit.
O Alagoas 24 Horas conversou com a mãe da criança, que contou que conheceu o réu no estado da Paraíba. Eles namoraram e foram casados por nove anos. Depois que o bebê nasceu, as coisas passaram a mudar.
“Eu o conheci na Paraíba. Convivemos por nove anos. Aí engravidei. Depois que meu filho nasceu, ele se revelou. Até então, não sabia que ele era assim. Quando meu filho fez um ano, eu passei a desconfiar que tinha algo de errado. Ele, com apenas um ano e um mês, já apresentava crises de pânico. Me separei do Deo, um pouco depois. Aos dois anos, meu filho passou a ir a psicóloga. Eu e o pai tínhamos guarda compartilhada, mas o meu filho chorava para não ficar com o pai”, contou a mãe da criança.
A mãe da criança relatou ainda que depois de um tempo, ela foi morar na França e teve autorização judicial de apenas um ano para ficar na Europa com o menino com a condição de realizar videoconferências com o genitor. No retorno, percebendo que o filho não se sentia a vontade com o pai, solicitou visitas assistidas, mas a Justiça negou o pedido.
“Até então, não sabia que os abusos que aconteciam. Passamos a desconfiar em 31 de outubro de 2018. Na ocasião, ele pegou a criança e deveria devolvê-lo às 19h. No entanto, ele me ligou para entregá-lo mais cedo, por volta das 16h. Eu estava com minha mãe e meu padrasto quando o menino chegou sem camisa, cueca e com o ânus cheio de areia. No meu apartamento, meu filho ainda colocou o dedo no ânus e pegou o telefone para ligar para meu atual marido pedindo para voltar a morar na França. Daí por diante, meu filho não dormia, tinha pesadelos e tinha bastante prisão de ventre por medo de fazer coco. Voltamos à França e ele regrediu. Não brincava e era uma criança muito triste. Comecei a pesquisar e descobri que dos oito sintomas de crianças que sofreram abusos sexuais, meu filho apresentava cinco”.
Em uma das noites agitadas da criança, a mãe teve a certeza de que o filho sofria abusos sexuais. “Em um destes dias em que ele não dormia, eu o questionei. Ele contou que o pai deu um beijo em seu pênis e fez ‘exercício’ também em sua ‘pintinha’. Depois disso, procurei todos os órgãos responsáveis possíveis. A Vara da Família, da Criança e Penal da França e do Brasil. Foi designada uma psicóloga federal e com laudo de 21 páginas demos seguimento ao processo. No entanto, os advogados sempre me pediam mais provas. O laudo psiquiátrico estava em segredo de justiça até que conseguiu acesso ao teor completo em 2021. Foi um choque. Ele contou à psicóloga federal detalhes dos abusos. O laudo foi traduzindo para o português e enviado ao Brasil”
A mãe da criança conta ainda que sofreu dois princípios de infarto e depressão. Além disso, foi vítima de violência institucional uma vez que a Justiça da Paraíba teria proposto o retorno da convivência da criança com o pai. “Sofremos muito durante o processo. Fomos violência institucional. Mas consegui a guarda unilateral”.
Cinco anos após a denúncia, o processo foi apreciado pela Justiça da Paraíba e no mês passado, o réu foi condenado pela juíza Shirley Abrantes Moreira Régis a mais de 13 anos. “Ante o exposto, considerando que o réu foi condenado a pena de 13 (treze) anos e 06 houve o(seis) meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial , bem como, já fechado trânsito em julgado da sentença e que a guia de recolhimento não pode ser expedida enquanto o apenado não estiver preso, com suporte no art. 105 da LEP e artigo 675 do CPP, decreto a prisão do condenado Hildebrando Tenório de Albuquerque Filho, devidamente qualificado nestes autos”, diz a decisão da magistrada.
Outros casos
O réu também é acusado de abusar sexualmente de oito crianças quando era professor de educação física na Barra de São Miguel.
Matéria baseada no processo de número 0805083-12.2022.8.15.2002.