O último debate da campanha presidencial argentina aconteceu neste domingo (12), em Buenos Aires. O segundo turno da eleição, que será no dia 19, é marcado pela disputa entre Javier Milei, um populista que se define como libertário, e Sergio Massa, um peronista, ou seja, um seguidor das políticas do ex-presidente Juan Domingo Perón.
Os candidatos, que chegaram a trocar xingamentos como “Pinóquio”, citaram laços com o Brasil como ponto de divergência.
“Você faz parte de um governo onde [o presidente] Alberto Fernández também não falava com Bolsonaro. Então qual é o problema se eu falo ou deixo de falar com Lula?”, questionou Milei, após ser criticado pelo adversário por ter dito, na semana passada, que se recusa a encontrar o petista caso seja eleito.
Em outro momento, Massa acusou Milei de querer romper relações com país, o que ele negou.
O ultraliberal também disse que brasileiros têm deturpado informações para defenderem o ministro nas redes sociais.
O desempenho
Para os comentaristas Ariel Palacios e Guga Chacra, da GloboNews, quem se saiu melhor no debate foi Massa.
Ao contrário do esperado, Milei quase não levou o tema da atual crise econômica do país como tática para confrontar o adversário, que é Ministro da Economia.
Em vez disso, o ultraliberal fez declarações polêmicas. Defendeu a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher — adversária histórica dos argentinos devido à Guerra das Malvinas —, se contradisse sobre o corte de subsídios do governo e chegou a afirmar que brasileiros editam vídeos para defender o ministro nas redes sociais.
Massa, por sua vez, acusou o adversário de querer romper relações com o Brasil e a China, e chegou a ironizar seu desejo por fechar o Banco Central, atribuindo a isso o fato de Milei, que já trabalhou na instituição, não ter tido seu contrato renovado na época.
Momentos acalorados
“Se você fosse o Pinóquio, já teria machucado meu olho”, disse Milei a Massa, num momento acalorado do debate.
O peronista também chegou a subir o tom e disse ao adversário que para governar o país são necessários “equilíbrio mental” e “contato com a realidade”. “Você tem isso?”, questionou, em seguida.
Primeiro turno
No primeiro turno, o percentual de votos de cada um dos candidatos foi o listado abaixo.
Sergio Massa: 36,68%
Javier Milei: 29,98%
As pesquisas indicam que a votação dos dois será parecida. Veja abaixo algumas das mais recentes.
Atlas Intel (10 de novembro): Milei 52,1% x Massa 47,9%.
Celag (10 de novembro): Massa 50,8% x Milei 49,2 %.
Disputa pelos indecisos
No primeiro turno, houve dois debates presidenciais, mas ainda havia outros três candidatos, que, somados, tiveram 33,31% dos votos.
A candidata Patricia Bullrich ficou em terceiro lugar, com 23,83% dos votos. Ela declarou apoio a Javier Milei, mas a frente política da qual faz parte, coligação Juntos pela Mudança, rachou. Os principais partidos da coligação são:
Proposta Republicana.
União Cívica Radical.
O Proposta Republicana é o partido do ex-presidente Mauricio Macri, que também apoiou Javier Milei e tem dado entrevistas criticando Sergio Massa.
No entanto, outros líderes importantes do Proposta Republicana não apoiaram Milei. Foi o caso de Horacio Larreta, atual prefeito de Buenos Aires.
Já o outro partido que forma o Juntos pela Mudança, a União Cívica Radical, não apoiou Milei. Muitos de seus dirigentes estão em campanha por Sergio Massa.
Dançando na sala
Em sua campanha nessa reta final, Sergio Massa tem tentado associar a candidatura dele ao sentimento de ser argentino. Em uma entrevista, o ministro até citou cuarteto, gênero musical da região de Córdoba, para tentar marcar a diferença entre ele e Milei.
“O Milei disse que o cuarteto é uma merda. Eu danço cuarteto na minha sala de casa. Esses são os dois países que estão em jogo”, disse ele.
Milei respondeu, nas redes sociais: “Olá, mentiroso, veja com que velocidade sua mentira caiu: aqui tem um vídeo de um de nossos comícios em Córdoba, que tem como música de fundo um cuarteto do grande Rodrigo”.