Casal é agredido por dupla em supermercado e relata homofobia

Casal é agredido dentro de supermercado em Praia Grande (SP), e relata homofobia — Foto: Arquivo Pessoal

Um casal homossexual, de 23 e 29 anos, foi agredido e xingado com ofensas de cunho homofóbico por dois homens dentro de um supermercado em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Um dos suspeitos deixou a carteira cair e foi identificado pela Polícia Civil.

O publicitário, de 23, e um psicólogo, de 29, contaram ao g1 que estão de férias e vieram passar alguns dias na cidade. Eles foram até o supermercado Rede Cuca, no bairro Cidade Ocian, e se depararam com dois homens embriagados bebendo cerveja dentro do estabelecimento.

Pouco tempo depois, de acordo com o casal, os agressores passaram por eles e disseram que não gostavam de ‘viadinho’. O publicitário, portanto, questionou o que eles haviam falado, momento em que os homens voltaram a fazer ofensas de cunho homofóbico e começaram a espancar as vítimas.

O casal levou socos e chutes. O publicitário relatou ter escorregado na cerveja que a dupla bebia e caiu no chão. Já o psicólogo foi jogado e deslocou o ombro direito. Ele também teve o celular destruído durante a briga.

“Foi um terror […]. Eles não iam parar. Eles simplesmente estavam ali e queriam continuar batendo”, disse o psicólogo.

Os dois afirmaram que não havia segurança no supermercado e nenhum funcionário tentou interromper as agressões. A dupla só parou de bater quando uma cliente idosa começou a gritar, porém, continuaram com as ofensas.

“Foi um crime totalmente de ódio […]. As pessoas não têm consciência que a gente apanhou ali e foi gratuito”, disse um dos homens agredidos. “Eles chamavam a gente de ‘viadinho’ o tempo inteiro. Falavam que não gostavam de viado e que não tinham culpa se a gente gostava de ‘dar'”, completou o outro.

Denúncia
Eles afirmaram ter ameaçado ligar para a Polícia e a dupla disse que “não tinha medo e iria bater em viadinho mesmo”. Porém, no momento em que as próprias vítimas acionaram a Guarda Civil Municipal (GCM) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), os agressores fugiram. Um deles deixou cair a carteira durante as agressões e já foi identificado, segundo o boletim de ocorrência.

“O sentimento que ficou comigo é de insegurança. Não consigo confiar que estou seguro mais em lugares abertos ou fechados. Muita raiva de não conseguir ser quem eu sou simplesmente porque existem pessoas que não conseguem conviver em sociedade”.

Em nota, a Prefeitura de Praia Grande (SP) informou que a Guarda Municipal e o Samu prestaram atendimento às vítimas e orientaram que elas procurassem a Polícia Civil. Um boletim de ocorrência (BO) foi registrado na Central de Polícia Judiciária (CPJ).

O g1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Supermercado
A reportagem tentou contato com o supermercado, mas ninguém atendeu as ligações. O estabelecimento publicou uma nota de repúdio nas redes sociais, no formato de stories — disponíveis por 24 horas.

Veja abaixo na íntegra:

“A Rede Cuca vem a público manifestar o nosso total repúdio ao ato de violência motivada por homofobia sofrida pelo nosso cliente e seu companheiro que preferem manter em oculto a sua identidade por questões de segurança, na tarde de terça-feira, 14 de novembro de 2023.

O ato criminoso de violência contra este casal revela a emergência da intolerância e do conservadorismo, observado não apenas em crimes de ódio como este, mas também em discurso e práticas preconceituosas, presentes em diversas instâncias do cotidiano brasileiro atual.

Por fim, manifestamos o nosso total apoio e solidariedade ao nosso cliente e seu companheiro e expressamos o nosso desejo de, através de nossas práticas, contribuir para construção de uma sociedade menos violenta e mais humanizada”.

As vítimas, no entanto, lamentam a forma em que foram tratadas pelo estabelecimento. “Ligar depois ou trazer uma água depois de que tudo aconteceu é o mínimo que um ser humano pode entregar. Mas, na hora ninguém nem se quer se propôs a ligar para a Polícia ou para o Samu”.

Fonte: g1

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