Polícia Científica de Alagoas começa a cadastrar armas, estojos e projéteis no Sistema Nacional de Análise Balística

Paulo Rogério, perito criminal administrador da participação estadual no SINAB, afirma que a segurança pública de Alagoas deu um importante passo na elucidação de crimes contra a vida

 

No ano de 2015, um exame realizado por peritos do Laboratório de Balística do Instituto de Criminalística de Alagoas (IC) conseguiu comprovar o uso de uma mesma arma de fogo (revólver calibre .38) em três homicídios no município de Maceió. No ano seguinte (2016), confrontos balísticos realizados entre elementos de munição questionados e outro revólver calibre .38 confirmaram o uso desta mesma arma de fogo em quatro homicídios distintos no município do Pilar.

 

O perito criminal Ricardo Leopoldo, chefe da Seção de Balística Forense do IC, que realizou os quatro confrontos balísticos do caso do Pilar, explicou que os exames foram solicitados porque as investigações identificaram ligações entre os homicídios. Projéteis encontrados nos locais de crime, pelos peritos criminais da Seção de Perícias Externas, e removidos dos corpos das vítimas no IML (Instituto Médico Legal) da capital foram enviados para análise no laboratório, juntamente com a arma apreendida.

 

“O exame de microcomparação balística permite ao perito criminal identificar se uma arma apreendida foi usada ou não em crime. A balística forense consegue definir isso, pois quando um projétil é disparado e passa pelo cano raiado de uma arma de fogo, nele fica gravado um padrão de raias e até mesmo eventuais defeitos existentes ao longo do cano. Essas marcas são como uma impressão digital da arma, que o perito criminal identifica quando analisa o material microscopicamente no laboratório”, explicou o chefe da Balística.

 

Há cerca de um ano, após a assinatura de um termo de cooperação técnica com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Polícia Científica de Alagoas passou a realizar um novo procedimento, que está revolucionando a forma de exames de Balística no Estado. A parceria permitiu ao Instituto de Criminalística de Alagoas integrar o Banco Nacional de Perfis Balísticos do Brasil e o Sistema Nacional de Análise Balística (SINAB).

 

Esse sistema nacional é uma rede composta por todos os órgãos estaduais de perícia criminal e da Polícia Federal. Diariamente, peritos criminais lotados nessas unidades, inserem no banco de dados o cadastro de projéteis, estojos de munição e armas fogos relacionados a crimes cometidos em todo o país.

 

O perito criminal Paulo Rogério, administrador da participação estadual no SINAB, explicou que ao entrar para o sistema nacional, a perícia alagoana dá um importante passo na elucidação de crimes contra a vida. Dados estatísticos apontam que a maioria dos casos de homicídio, feminicídio e latrocínio é cometida com emprego de armas de fogo, sendo os vestígios balísticos fundamentais para a elucidação desses crimes.

 

“O SINAB interligou todos os estados do Brasil, formando uma grande rede de banco de dados, permitindo o intercâmbio de informações entre eles e a comparação de perfis balísticos. Ou seja, agora os peritos daqui podem interagir com outras centrais do sistema, aumentando as chances da identificação de arma usada em crime e, consequentemente, o autor do delito”, explicou o administrador do banco estadual.

 

Para integrar o banco de dados, o IC alagoano recebeu três estações de trabalho do governo Federal avaliadas em R$ 3,6 milhões, tendo os peritos criminais do Laboratório de Balística Forense passado por um treinamento para utilizar a nova tecnologia, um sistema automatizado de identificação de armas de fogo chamado de Integrated Ballistics Identification System (IBIS).

 

Paulo Rogério explicou, ainda, que em uma das estações (BULLETTRAX) são escaneados projéteis – padrões ou questionados retirados dos corpos das vítimas nos IMLs e coletados nos locais de crimes. Na segunda estação (BRASSTRAX) são escaneados os estojos de munição – questionados (coletados em locais de crime) ou padrões (produzidos na seção de balística com as armas de fogos enviadas pelas delegacias).

 

As imagens e metadados gerados por esses dois scanners são inseridos e armazenados no banco de dados do sistema de informações balísticas. Uma terceira estação de trabalho (MATCHPOINT), operada pelo perito criminal, cruza as informações com as outras centrais dos demais estados que compõem o SINAB.

 

“Ao fazer parte desse projeto nacional, estamos ampliando a efetividade dos exames de balística, agilizando a análise pericial, possibilitando a correlação entre locais de crime por meio da balística. O uso dessa nova tecnologia irá permitir elucidar vários crimes, fazendo prevalecer a verdade a favor justiça”, afirmou o perito Paulo Rogério.

Fonte: Ascom Polícia Científica

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