O empresário brasileiro Márcio Rodrigues da Silva, de 44 anos, que desapareceu durante uma viagem a negócios para a Suíça, foi encontrado nesta terça-feira (21). A informação foi confirmada ao g1 pela família de Itupeva (SP) por volta das 20h20.
Ana Lúcia da Silva, esposa de Márcio, disse ao g1 que o empresário “está bem, na medida do possível, e está prestando depoimento à polícia”. O cunhado, Carlos Roberto Cera, contou que ele aparentava estar “bem fraco”.
Ainda conforme a Ana Lúcia da Silva, a polícia pediu sigilo, por enquanto, por conta das investigações. Ela também disse que mais informações serão repassadas em breve.
Márcio estava desaparecido desde o dia 8 de novembro. O caso é investigado pela Polícia Federal, com o apoio da Interpol, e também pela polícia de Zurique.
Relembre o caso
O empresário, que mora em Itupeva (SP) e atua no ramo de produtos terapêuticos, pegou o voo para a cidade suíça às 18h do dia 7 de novembro, no aeroporto de Guarulhos (SP). O tempo total de viagem era previsto para 13h40, com uma conexão em Barcelona, na Espanha.
Ao g1, a esposa contou que ele foi até Zurique para assinar documentos de um investimento que havia feito pela internet com uma empresa. Ana disse também que o marido chegou a enviar um vídeo e fotos para ela, mostrando que havia aterrissado no aeroporto suíço (veja mais abaixo). Em um áudio, o empresário diz que achava que havia “caído em uma cilada”.
Depois de enviar o áudio, o empresário parou de responder e não foi mais localizado. Segundo a esposa, ele havia ido se encontrar com um grupo da empresa na qual havia feito o investimento.
O caso ganhou destaque na imprensa internacional, além de mobilização da comunidade brasileira que vive na Suíça.
Troca de mensagens
Conforme troca de mensagens entre Márcio e a esposa, o brasileiro disse que estava dentro do avião às 17h50 de 7 de novembro. Ele chegou a enviar uma selfie para a mulher.
A próxima troca de mensagens é feita às 5h45 do dia seguinte, 8. Márcio envia vários áudios para a esposa e uma foto dentro de um aeroporto, em uma fila de pessoas.
Em uma das mensagens, enviada às 5h56, Márcio escreve: “a partir desse trecho só (se fala) em inglês, nossa que dificuldade”, relata. O empresário chega a mandar outra selfie para a esposa, na qual aparece sorrindo.
Às 6h47, Ana responde às mensagens anteriores, dando “bom dia” ao marido. Márcio volta a falar com a mulher às 8h e, às 8h11, envia outra selfie para ela, na qual aparece em um lugar aberto e com um avião de fundo.
Ana envia um áudio ao marido, que responde com uma foto no que parece ser um ônibus que faz o transporte de passageiros dentro de aeroportos. Isso foi às 8h15.
Minutos depois, às 8h32, Márcio envia um vídeo para a esposa. Ele não aparece na imagem, mas é possível ver que o empresário estava dentro de um aeroporto.
No vídeo, ele narra que estava se sentindo perdido por não falar outros idiomas e que precisava descobrir onde iria para pegar as bagagens.
‘Cilada’
Um período de cerca de cinco horas se passa até que Márcio envia novos áudios à mulher, às 13h32, relatando que havia entrado em um táxi e tentaria ir até um hotel onde estaria o passaporte dele, que havia sido pego por um grupo de pessoas que supostamente seriam os empresários com quem Márcio negociava pela internet.
“Eu acho que nós caímos em uma cilada, tá bom? Muito grande. Eu vou torcer para que Deus me mantenha vivo”, disse na mensagem em áudio.
Além do áudio de 51 segundos, o empresário envia outros arquivos à esposa, sendo o último às 13h34. Foi neste mesmo horário que Márcio deixou de visualizar as mensagens.
Conforme consta na conversa de WhatsApp, a última vez que Márcio abriu o aplicativo foi às 13h34 de 8 de novembro. Ana diz que, após este momento, nenhuma mensagem enviada ao marido apareceu sinalizada como recebida, o que indicaria que o celular dele foi desligado.
Segundo Ana, a viagem de Márcio não terminaria em Zurique. Após a passagem pela Suíça, o empresário viajaria para a Espanha para fazer um trabalho de demonstração de produtos terapêuticos a um grupo de pessoas, que também passaria por treinamentos com ele. Não há detalhes sobre esta outra viagem.