Um júri realizado nessa terça-feira (21) resultou na condenação de um homem pelo crime de discriminação religiosa, cometido no ano de 2021, contra praticantes de Umbanda, no bairro do Vergel do Lago, em Maceió. A sessão foi conduzida pelo juiz Ygor Figueirêdo, da Vara de Crimes contra Vulneráveis.
O réu acusado de furar pneus de veículos de integrantes de um terreiro, com uma faca, foi condenado a um ano e seis meses de reclusão, em regime inicial aberto. A pena, no entanto, foi convertida em prestação de serviços comunitários, na proporção de uma hora de serviço por dia de condenação.
O réu também deverá pagar três salários mínimos para o líder do terreiro. “A partir do exame dos elementos contidos nos autos, restou claro que o dano praticado em face dos carros estacionados decorreu em razão de explícita discriminação direcionada a pessoas que professavam a umbanda, o que denota a plena materialidade delitiva”, afirmou o juiz.
Em depoimento, o homem admitiu a conduta, mas negou viés religioso. Alegou não ter nada contra a religião praticada no terreiro e disse que sua atitude decorreu do barulho no local. Testemunhas, no entanto, apontaram motivação religiosa na prática.
De acordo com o juiz Ygor Figueirêdo, não houve comprovação da tese levantada pela defesa, de que o réu teria agido por conta do barulho no local. “Não houve qualquer reclamação anterior acerca do suposto barulho provocado. Ademais, a própria localização da residência [do acusado] conta com inúmeras fontes de barulho, como uma praça, um ‘churrasquinho’ e outra sede pertencente a religião de origem cristã, não sendo esta alvo dos mesmos ataques”.
O caso
O crime foi cometido em agosto de 2021 contra membros do terreiro de umbanda Aldeia dos Orixás, durante celebração. Imagens de câmeras de segurança mostraram o réu simulando estar mexendo no celular e depois furando os pneus dos carros estacionados próximos ao local do culto.
O líder do terreiro afirmou que diversos carros estavam estacionados na rua, mas que o réu teria mirado apenas naqueles pertencentes às pessoas que estavam no ritual da umbanda. Contou ainda que o réu chegou a fazer ligações à polícia, pedindo para que os encontros parassem.