Responsável por 28 ocorrências por dia de amputações de membros inferiores, o diabetes é a principal causa de perda de pernas e pés em um curto espaço de tempo, segundo registros do Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e agosto deste ano.
O mês de novembro é dedicado à prevenção e aos cuidados. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença crônica se dá quando o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Os principais sintomas são fome e sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia.
Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o país tem 16 milhões de diabéticos. Diante de números que chamam a atenção, o médico endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri faz um alerta importante.
Mas não são todas as lesões ou feridas que levam aos casos cirúrgicos para retirada de membros. Existem vários casos que o tratamento clínico, mesmo com pequenas intervenções cirúrgicas, é capaz de fechar os ferimentos sem agravar o caso.
Couri reforça que a partir do momento que a pessoa é diagnosticada com a doença, é fundamental que ocorra um acompanhamento médico periódico, com realização de exames, atenção e cuidados com os pés e até a realização de autoexame nos membros inferiores.
Atividades corriqueiras, que vão desde um sapato mal adequado, apertado até a falta de uso de meias, podem levar pacientes diabéticos a terem lesões graves com evolução para as amputações.
Amputação após infecção
Foi o que aconteceu com o corretor de imóveis Paulo César Vergara, de 54 anos. Há sete meses, durante uma visita de trabalho em Franca (SP), ele pisou em uma pedra e mesmo calçado, teve um ferimento na sola do pé direito.
A cirurgiã geral e vascular Renata de Oliveira Taveira foi quem acompanhou o caso de Paulo. Ela conta que o paciente foi internado com uma infecção grave no pé, já com necessidade de amputação de dois dedos.
“Mesmo fazendo uso de antibiótico, o coto [parte restante do membro] não evoluiu bem, necessitando de outras amputações. Nas três cirurgias foram colhidos cultura, porém sem crescimento de bactéria específica. Por isso, foi usado antibiótico de amplo espectro a fim da resolução da infecção.”
A cirurgiã vascular explica que o pé diabético é o nome dado quando há presença de infecção, ulceração e destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica.
Ela diz que aproximadamente 20% das internações de pacientes diabéticos são decorrentes de lesões nos membros inferiores. As complicações são responsáveis por 40% a 70% do total de amputações não traumáticas de membros inferiores na população geral.
Por que a diabetes favorece as amputações
Sistema imunológico: com a glicose cronicamente alta, o sistema imunológico do diabético não é tão combatente, então as células de defesa não atuam como deveriam.
Entupimento das artérias das pernas: o sangue não flui com tanta facilidade pelo local que está lesionado e diminui a capacidade de cicatrização.
Neuropatia diabética: é uma doença dos nervos em que as pessoas não têm uma sensibilidade adequada que age como proteção, com isso ela pode se machucar e nem ao menos sentir.
Ajuda para compra de prótese
Após sete meses da mudança radical na vida, Paulo já pode utilizar uma prótese e voltar a ter uma rotina parecida com a que tinha antes das amputações.
Desde o início do processo, o corretor de imóveis disse que fez empréstimos, contou com a ajuda de familiares e amigos para a compra de medicamentos, entre outros gastos necessários.
Agora, ele busca obter recursos para comprar a prótese que custa cerca de R$ 28 mil, além de terminar de pagar os gastos do tratamento. Para isso, Paulo está fazendo uma rifa registrada pela Caixa Econômica Federal para conseguir fundos. O valor é de R$ 70 e será sorteada no dia 2 de dezembro.
Os prêmios vão desde uma TV de 50 polegadas até um jantar em uma churrascaria.
Para quem tiver interesse em ajudar o corretor de imóveis basta entrar em contato pelo telefone (16) 99123-9178.