Após a Defesa Civil de Maceió alertar para o risco de colapso na região do Mutange, o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (JHC), informou, na tarde desta quarta-feira, 29, por meio de suas redes sociais que determinou a criação de um gabinete de crises para tratar sobre o assunto.
Segundo o chefe do Executivo Municipal, o grupo será composto por profissionais de diferentes áreas e tem o intuito de coordenar a situação, preservar vidas e garantir a segurança da população.
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A situação também foi comunicada aos órgãos de controle e de segurança sobre o perigo do desastre. O ofício foi encaminhado à força-tarefa dos bairros afundados, composta por representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPAL), Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE), além dos comandos da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Polícia Militar de Alagoas (PMAL), Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Equatorial Energia Alagoas e Algás.
O funcionamento do Gabinete de Crise será permanente no sentido de monitorar a área afetada pela tragédia e tomar todas as providências para salvar vidas. Todos os dias o Gabinete de Crise irá manter comunicação direta com a população e a imprensa de Maceió, publicando boletins atualizados sobre o assunto.
Agravamento
Mais cedo, o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Aberlardo Nobre, explicou que desde o último dia 06, os sismos estão ocorrendo com mais frequência na mina de número 18. Os estudos apontam que os sismos acontecem com maior intensidade e indo em direção a superfície.
“Com estas informações e com dados de outros aparelhos, nós chegamos a conclusão de que há uma eminência de colapso nesta mina. Ela fica muito próximo à margem da Lagoa Mundaú. Por isso, a gente pede que as pessoas que pescam nesta região evitem chegar próximo ao local e evitem o acesso à lagoa”, informou Aberlado Nobre em entrevista à TV Pajuçara.
Por conta do alerta, a Marinha do Brasil já enviou equipes à Lagoa Mundaú para iniciar um trabalho com os pescadores da região além de demarcar a área com boias.
Nesta quarta-feira, a Defensoria Pública Estadual encaminhou ofício ao Ministério de Minas e Energia, CPRM e Defesa Civil Nacional para que acompanhem de perto o caso dos bairros atingidos pelo afundamento de solo em Maceió.
Nota Defesa Civil
Após alertas dos moradores e da Defesa Civil alagoana sobre a possibilidade de colapso na região desocupada do bairro Mutange, em Maceió, a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) oficiou, nesta quarta-feira, 29, ao Ministério de Minas e Energia, Defesa Civil Nacional e ao Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) solicitando o acompanhamento e a realização de novos estudos na área, devido à ausência de atualização do mapa de risco, elaborado em 2019, além das dúvidas surgidas acerca das consequências do possível colapso alertado pela Defesa Civil. A solicitação, que é de extrema urgência, pede, ainda, o envio de técnicos para Maceió.
O pedido, feito pelo Defensor Público Ricardo Antunes Melro, do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública, tem como objetivo garantir que tanto a população quanto as instituições públicas tenham conhecimento preciso sobre a situação real das áreas impactadas pela mineradora Braskem. Além disso, busca-se a realização de uma nova avaliação de risco nas regiões circunvizinhas ao referido mapa, como no Bom Parto e nos Flexais de Bebedouro, em que vários moradores relatam a presença de novas rachaduras em suas residências.
“Foi dito há cerca de três anos pela CPRM que se uma das minas situadas na lagoa colapsasse poderia haver colapsos nas demais que ficam próximas e embaixo dos bairros. De modo que nos preocupa muito a situação das vitrinas dos Flexais e do Bom Parto, que continuam residindo nas áreas, apesar das recomendações de outros relatórios técnicos que até o momento foram desprezados”, ressaltou o Defensor.