Obras que podem ter sido pintadas por Cândido Portinari nas paredes da casa dele, no interior de São Paulo, foram restauradas para comemorar os 120 anos de nascimento do artista.
A casinha é uma joia a mais no complexo museu “Casa de Portinari”, em Brodowski, onde o pintor nasceu, passou a infância e parte da adolescência. O novo espaço foi entregue ao público por João Cândido, filho do pintor, que se emocionou.
“Essa casa aqui é uma casa que não tinha nada. A gente considerava isso aqui quase como um depósito. Era um anexo, não tinha nada. Agora essa casa virou gigante, se engrandeceu de uma forma extraordinária” , disse João Cândido Portinari, filho do pintor e coordenador do projeto Portinari.
A casa foi comprada nos anos de 1940 pela família de Portinari e usada como ateliê. Depois da morte do pintor, em 1962, o imóvel passou décadas fechado. O trabalho dos restauradores, que durou três anos, revelou e recuperou obras inéditas nas paredes de três dos cinco cômodos: três pinturas murais e cinco baixos relevos, como o São Francisco e um perfil de Tiradentes.
As datas das obras batem com momentos em que o pintor esteve em Brodwski, mas especialistas ainda vão investigar se elas são mesmo de autoria de Portinari ou de amigos artistas.
O ponto de partida para a verificação das obras é animador: os pesquisadores já descobriram esboços, desenhos feitos pelo próprio pintor, idênticos aos relevos que aparecem nas paredes. Esta é uma técnica comum entre os artistas e muito usada por Portinari: primeiro estudar para depois executar.
Além dos esboços, a pesquisa vai levar em conta cartas escritas e recebidas por “Candinho”, como Portinari era chamado, que agora também estão expostas ao público. O projeto recuperou até o tanque no jardim onde o pintor preparava o gesso para o reboco das paredes, onde seriam pintados os afrescos.
O novo espaço passa a funcionar como centro de pesquisa e referência sobre a vida e a obra do pintor, com livros, documentos e acesso ao banco de dados do projeto Portinari, que reúne a coleção completa do gênio.
“Portinari é inesgotável. Esse legado que ele deixa pode ser sempre visto de uma outra forma. então é isso que nos fazemos nos museus”, destaca Angélica Fabbri, diretora do museu Casa de Portinari.