Conselho de Ética deve instaurar nesta quarta processo contra Janones por suposta rachadinha no gabinete

Presidente do colegiado deve sortear três nomes para relatar procedimento; PL pede perda do mandato do parlamentar após denúncias feitas por assessores e ex-assessores.

O Conselho de Ética da Câmara deve instaurar nesta quarta-feira (13) o processo contra o deputado André Janones (Avante-MG) por suspeita de rachadinha em seu gabinete parlamentar.

Janones — Foto: Jornal Nacional/Reprodução
Janones — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

A sessão está marcada para às 11h e a instauração do processo foi confirmada pelo presidente do Conselho, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA) à reportagem.

O pedido foi feito pelo PL, maior bancada da Câmara e partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pede a perda do mandato de Janones por quebra de decoro parlamentar a partir da suspeita.

Pelo regimento da Câmara, a instauração é a primeira de várias etapas do processo que pode punir um parlamentar.

Nesta fase, o presidente do Conselho sorteia uma lista com três nomes de possíveis relatores para o caso.

São excluídos do sorteio deputados pertencentes ao mesmo estado do representado, do mesmo partido ou bloco parlamentar e da mesma agremiação autora da representação.

Próximas etapas

Após a instauração, Lomanto Júnior deve escolher um dos parlamentares para conduzir as apurações. Esta etapa, contudo, não deve ocorrer nesta quarta.

O relator, então, terá dez dias úteis para elaborar um parecer preliminar em que deverá recomendar o arquivamento ou o prosseguimento da investigação.

Se entender pela continuidade do processo, o deputado notificado apresentará sua defesa e será feita coleta de provas.

Na sequência, o relator elaborará um novo parecer, em que pode pedir a absolvição ou aplicação de punição, que vai de censura à perda do mandato parlamentar. O deputado pode recorrer da decisão à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Se o Conselho de Ética decidir pela suspensão ou cassação do mandato de um parlamentar, o processo segue para o plenário da Câmara, que terá a palavra final.

O prazo máximo de tramitação dos processos no Conselho é de 90 dias úteis.

Entenda o caso

Assessores e ex-assessores de Janones afirmam que o parlamentar operou um esquema de “rachadinha” no gabinete a partir de 2019, quando assumiu o primeiro mandato.

A rachadinha é uma prática ilegal na qual o gabinete de um parlamentar contrata funcionários, mas impõe a condição de que eles “devolvam” parte dos salários. Muitas vezes, são funcionários fantasmas, que nem vão aos gabinetes.

Segundo esses denunciantes, a prática foi adotada, pelo menos, durante todo o primeiro mandato de Janones (2019-2022).

E teria, também, sido adotada pela ex-assessora de André Janones Leandra Guedes na prefeitura de Ituiutaba (MG) – ela foi eleita prefeita do município em 2020 e levou parte dos assessores para compor sua equipe no novo posto.

Em razão do foro privilegiado de Janones, a denúncia tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde maio deste ano.

Janones e Leandra negam as irregularidades apontadas nas denúncias.

Outros processos

O conselho também deve instaurar nesta quarta-feira processos contra os seguintes deputados:

  • Ricardo Salles (PL-SP) por suposta apologia à ditadura durante sessão da CPI do MST;
  • Sâmia Bomfim (PSOL-SP) por supostas provocações a Salles e Delegado Éder Mauro (PL-PA)
  • Jandira Feghali (PCdoB-RJ) por suposta ofensa ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a CPI dos Atos Golpistas;
  • General Girão (PL-RN) por suposta ameaça ao deputado Glauber Braga (PSOL-RJ);
  • Lindbergh Farias (PT-RJ) por suposto xingamento a deputada Carla Zambelli (PL-SP) durante sessão plenária;
  • Abílio Brunini (PL-MT) por suposto tumulto durante sessão na Comissão de Legislação Participativa que debatia a situação do povo palestino em Gaza.
Fonte: g1

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