Celular Seguro: E se alguém bloquear meu aparelho? Ferramenta põe dados em risco? Especialistas respondem

Analistas destacam que lançamento da plataforma é um avanço e que uso de dados é um 'remédio necessário'

A plataforma do governo federal para bloquear telefones roubados, Celular Seguro, foi lançada na última quarta-feira na versão para web. Mas foi só ontem que a ferramenta passou a estar disponível para download na loja de aplicativos de aparelhos iOS e Android. Especialistas em tecnologia veem a iniciativa de forma otimista, mas ressaltam que a plataforma, como todo aplicativo, utiliza dados do usuário.

SeongJoon Cho / Bloomberg

Celular Seguro: especialistas em tecnologia elogiam iniciativa do governo e dizem que termos de uso

Por meio do Celular Seguro, em caso de roubo ou furto do aparelho, a ideia é que a vítima possa agir de forma rápida. O único passo para isso é acionar um botão de emergência na plataforma gov.br.

O analista da Play9 Lucas Cabral afirma que a nova ferramenta do governo federal é um avanço porque consegue bloquear diversos aplicativos do celular de uma só vez. Assim, o consumidor não precisa ligar para todos os bancos onde tem conta e comunicar que teve seu aparelho roubado, por exemplo.

— Essas ligações serão substituídas por um único botão. E quando o IMEI (número de identificação do celular) é bloqueado, o aparelho realmente vira um peso de papel— diz.

Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), destaca que o objetivo da ferramenta é proteger as informações do usuário, como os dados do cartão de crédito.

Quando há informação do IMEI no cadastro do usuário, a ferramenta bloqueia o aparelho. No entanto Steibel aponta que há aparelhos em que esse número pode ser adulterado. Além disso, alguns países não implementam bloqueio por IMEI.

— Se você tiver um celular roubado e informar o IMEI o seu celular fica inutilizado. Em aparelhos de alta linha é difícil alterar esse número, mas em celulares mais baratos é mais fácil essa adulteração — comenta.

Bloqueio nas primeiras horas
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), instituições financeiras e entidades privadas são parceiras da ação. Entre as instituições que assinaram convênio com o governo estão Banco do Brasil, Caixa, Banco Pan, Bradesco, BTG Pactual, Santander, Inter, Itaú, Sicoob, Sicredi, Safra, e XP.

Apesar de a ferramenta prometer bloquear rapidamente dispositivos, linhas telefônicas e acessos a aplicativos bancários em caso de furto ou roubo, Cláudio Dodt, sócio e líder de prática na Daryus Consultoria, alerta para o tempo de resposta das entidades que fizeram acordo com o governo para a iniciativa.

— As próprias entidades envolvidas já deixaram claro que o tempo de resposta para o bloqueio efetivo pode não ser tão rápido, com alguns bancos informando que o tempo para a suspensão temporária dos serviços bancários executados é de até 30 minutos, o que pode não ser suficientemente rápido para proteger usuários em caso de furto do aparelho — reflete.

‘Um remédio necessário’
Em menos de 24 horas após o lançamento da plataforma, foram 275 mil cadastros de CPFs, informou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, e 98 mil celulares pelo site ou aplicativo.

Para Cabral, autorizar outra pessoa a bloquear o seu dispositivo não implica em riscos de vazamento de dados, mas resulta em gargalos de usabilidade. A pessoa registrada como contato de segurança pode, sem querer, bloquear o celular errado ao tentar usar a ferramenta.

Steibel aponta que como qualquer plataforma, o Celular Seguro utiliza dados do usuário. No entanto, ele ressalta que nos termos de uso da ferramenta as informações mais sensíveis são as relacionadas a geolocalização que ocorre por meio do gov.br.

— Eu acho que é um ganho para a privacidade, porque é um remédio necessário.

Cláudio Dodt, sócio e líder de prática na Daryus Consultoria, aponta diz que a preocupação de outra pessoa bloquear o aparelho é válida. Em contrapartida, Dodt afirma que a autenticação por meio do gov.br aumenta a segurança, pois a plataforma possui controles de segurança, como autenticação multifator e biometria facial.

— Apesar de não eliminar completamente o risco de alguém bloquear o celular de outra pessoa por engano ou propositalmente, a plataforma já conta com medidas adequadas para evitar esse tipo de situação ou mesmo para punir eventuais violações conforme os termos da lei.

Fonte: Extra Online

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