Ao mesmo tempo em que vive a felicidade de ser mãe mais uma vez, Luciane Setene, de 38 anos, tenta processar a informação de que as novas filhas são gêmeas siamesas, ligadas pelo tórax e dividem um só coração.
Atualmente, grávida de cinco meses das gêmeas siamesas, a balconista divide os sentimentos de alegria e angústia. Luciane tratava um cisto no ovário quando descobriu que estava grávida das gêmeas. Na primeira ultrassom, o médico identificou dois fetos, mas apenas o batimento de um coração.
“Comecei meu pré-natal como qualquer mãe. Fui no postinho normal. Através dos primeiros exames de ultrassom no posto da minha cidade. Neste momento vimos algo diferente, eram dois bebês gêmeos, mas não aparecia dois batimentos. Depois procuramos um ultrassom mais detalhado, só neste momento que vimos que era algo diferente, raro”, detalha Luciane.
Depois da notícia, Luciane saiu de Rio Verde rumo a Campo Grande. O percurso de mais de 200 km é feito quase todos os meses para receber acompanhamento médico especializado na Santa Casa da capital.
Ao g1, a mãe das gêmeas Arielly e Allany, como serão chamadas, compartilha de forma anestesiada a especificidade da gravidez. Além de terem apenas um coração, as meninas se alimentam por um só cordão umbilical. Na barriga de Luciane, as gêmeas estão ligadas pelo tórax.
“Confesso, estou assustada. O caso é raro, minhas filhas estão unidas pelo tórax, têm apenas um coração e se alimentam por um só cordão umbilical. Os outros órgãos são perfeitos, não há problemas. Cada uma tem seu órgão e membros únicos, apenas o coração que é dividido”.
Angústia e felicidade
Luciane ainda tenta entender sobre a condição rara das filhas. Ao g1, a mãe diz estar processo para assimilar a gravidez de alto risco e o acompanhamento médico frequente.
“O primeiro sentimento que tive foi de ficar assustada. Primeiro eu não acreditei muito, fiquei bem assustada, apreensiva. Eu sabia que eram gêmeas, mas não esperava toda esta situação”, detalha Luciane.
Às vésperas dos seis meses de gravidez, Luciane diz se sentir aflita com a situação que vive. “A gente dorme, mas não dorme ao mesmo tempo. O meu psicológico ficou bem abalado, complicado. Não sei como explicar ainda, o impacto é grande”.
“Eu só via essa situação de gêmeos siameses em filmes, na TV. A gente não espera passar por tudo isso, mas sigo firme e esperando o melhor pelas minhas filhas”, comenta após um longo suspiro.
Gêmeos siameses são um fenômeno raro. Estima-se que haja um caso para cada 200 mil nascimentos. Por ano, apenas algumas separações são realizadas no mundo.
Gravidez de alto risco
Como a gravidez é de alto risco, as idas ao médico são frequentes. O parto deve ser realizado em fevereiro do ano que vem, quando a gestação chegará ao sétimo mês.
Luciane faz o acompanhamento obstétrico na Santa Casa de Campo Grande. Exames são quase semanais para conferir como as bebês estão. Para custear os gastos, que são muitos, a mãe recebe ajuda de amigos próximos e realizou uma campanha nas redes sociais para arrecadar dinheiro.
Sobre o futuro das filhas, Luciane toma como ideia viver cada dia de uma vez. A mãe ainda não sabe se as filhas serão separadas logo após o nascimento.
“Os procedimentos só serão pensados após as minhas filhas nascerem. A cirurgia de separação será depois, vai depender de como a saúde deles vão estar. Eu sigo aflita e esperando pelo melhor das minhas meninas”.