Mesmo com a recente aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, afirmou que isso não muda as insatisfações do partido com relação à autarquia. “Não muda em nada nossas críticas contra esses juros estratosféricos do Banco Central”, disse, em entrevista.
Roberto Campos Neto, que foi alvo de críticas por meses desde o início do terceiro mandato de Lula, participou na quinta-feira (22) de um churrasco de confraternização de fim de ano organizado por Lula na Granja do Torto, em Brasília. Para Gleisi, o convite faz parte da educação de Lula.
A parlamentar manteve as críticas ao que ela chamou de taxa “perversa” e à “redução a conta gotas” e pediu, com os avanços na política econômica alcançada pelo governo Lula, “uma queda mais expressiva” para o ano que vem.
Presença notável
Roberto Campos Neto foi um dos presentes na festa de final de ano de Lula. A presença chamou atenção devido ao fato de Lula já ter criticado o presidente do BC em diversas ocasiões ao longo do ano do ano de 2023 –a quem ele já se referiu como “cidadão” e teceu uma série de críticas quanto à condução da política de juros do país.
O atual presidente do Banco Central foi indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi durante a gestão de Bolsonaro que o Congresso aprovou a autonomia do BC. Lula já afirmou que o governo pretende reavaliar isso ao final do mandato de Campos Neto.
Em setembro, após pedido de Campos Neto, Lula o recebeu no Palácio do Planalto. Foi o primeiro encontro entre os dois desde que Lula assumiu seu terceiro mandato.
Segundo fontes, as recentes quedas na taxa de juros promovidas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ajudaram a melhorar a relação entre Lula e o presidente do Banco Central.
No início de setembro, antes de o Copom iniciar o ciclo de queda da da Selic, Lula criticou o patamar dos juros e afirmou: “se ele conversa com alguém, não é comigo”, em referência ao presidente do Banco Central.