O governo de São Paulo regulamentou a lei que permite a distribuição de remédios à base de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado. Com isso, os pacientes que usam a cannabis medicinal no tratamento de doenças poderão ter acesso aos medicamentos de forma gratuita.
👉 A cannabis é o gênero da planta a partir da qual também se produz a maconha. Ela vem sendo utilizada com sucesso no tratamento de uma série de doenças, como epilepsia refratária, dor crônica, Alzheimer, ansiedade, Parkinson, entre outras.
Geralmente, o paciente usa óleos, pomadas, extratos ou medicamentos (alguns já disponíveis em farmácias) feitos a partir de substâncias presentes na maconha.
✔️ A regra aprovada pelo governo do estado de São Paulo só se aplica ao uso medicinal, ou seja, para medicamentos que tenham registro de certificação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
❌ O uso recreativo da maconha segue proibido em todo o Brasil. Neste caso, o usuário, geralmente, fuma um cigarro com as flores da planta Cannabis sativa, mas também é possível consumi-la de outras maneiras, como ingerindo no meio de alimentos.
No Supremo Tribunal Federal (STF), está em discussão a liberação do porte para consumo próprio. Veja aqui o que é mito e o que é verdade sobre a maconha recreativa.
Abaixo, veja respostas para as seguintes perguntas sobre cannabis:
O que é cannabis?
O que é canabinoide?
O que é canabidiol (CDB) e para que é usado?
O que é THC e para que é usado?
Apenas o THC tem efeitos psicoativos?
O THC pode ser usado como medicamento mesmo causando efeitos psicotomiméticos?
Se existem mais de 120 canabinóides na maconha, por que usamos principalmente dois: CBD e THC?
Existe contra-indicação para o uso de medicamentos feitos com cannabis?
É possível se tornar dependente de medicamentos com derivados de cannabis?
Como vai ser feita a distribuição do medicamento em São Paulo?
1. O que é a cannabis?
Cannabis é um gênero de plantas originadas na Ásia há milhares de anos e que se popularizou chamar de maconha ou marijuana.
Existem três espécies de plantas do gênero Cannabis: sativa, indica e ruderalis, sendo as duas primeiras as mais populares.
Inicialmente, a cannabis foi utilizada para a produção de fibra de tecidos, mas hoje também é aplicada na medicina e na indústria.
2. O que são os canabinoides?
O canabinoides são substâncias presentes na cannabis que agem em vários lugares no corpo, inclusive no cérebro.
Em outras palavras, os canabinoides são os ativos químicos capazes de desencadear reações no corpo humano. Em relação aos efeitos terapêuticos, eles são os responsáveis por proporcionar sensação de relaxamento e alívio das dores, por exemplo.
Ao todo, já foram identificados cerca de 120 canabinoides na Cannabis Sativa, sendo o canabidiol (CDB) e o tetrahidrocanabidiol (THC) os mais estudados e conhecidos.
3. O que é canabidiol (CDB) e para que é usado?
O canabidiol (CDB) é a substância presente na Cannabis sativa responsável pelo efeito relaxante.
Na indústria farmacêutica, ele funciona como analgésico, sedativo e anticonvulsivo no tratamento de doenças como esclerose múltipla, epilepsia, Parkinson, esquizofrenia e dores crônicas.
4.O que é THC e para que é usado?
O tetrahidrocanabidiol (THC) é uma substância presente na Cannabis Sativa popularmente associada à capacidade de criar as sensações apontadas como euforia e prazer, além de outros efeitos buscados por quem faz o uso recreativo. Contudo, o ativo também possui efeitos terapêuticos e é utilizado como antidepressivo, estimulante de apetite e anticonvulsivo.
5. Apenas o THC tem efeitos psicoativos?
Não. Tanto o CDB quanto o THC possuem efeitos psicoativos.
A principal diferença entre os ativos citados acima é que o CDB não possui efeitos psicotomiméticos, ou seja, capazes de criar alucinações.
Geralmente, costuma haver uma confusão entre os termos. Quando as pessoas dizem que o CBD não possui efeitos psicoativos, normalmente, elas querem dizer que a substância não possui efeitos psicotomiméticos, ou seja, que são capazes de provocar alucinações.
6. O THC pode ser usado como medicamento mesmo causando efeitos psicotomiméticos?
Sim. Segundo especialistas, tanto o CDB quanto o THC podem ser utilizados para fins terapêuticos.
Algumas epilepsias que não respondem aos tratamentos medicamentosos convencionais respondem melhor ao CDB, enquanto outras doenças neurológicas, como a esclerose múltipla, o THC vai ser melhor para o tratamento. Vai depender da doença que estamos tratando.
Embora as propriedades terapêuticas do CDB sejam mais populares, o THC também pode ser indicado para o tratamento de algumas doenças ou sintomas específicos, como náuseas, vômitos ou falta de apetite em pacientes com câncer ou algum distúrbio alimentar.
O THC, por exemplo, é bastante usado no tratamento de pacientes que sofrem de falta de apetite, porque aumenta essa sensação de fome, o que o pessoal chama de larica.
7. Se existem mais de 120 canabinoides na maconha, por que usamos principalmente dois: CBD e THC?
Na opinião de especialistas, o preconceito quanto ao estudo da cannabis foi e ainda é um grande impeditivo para que as pesquisas avançassem.
8. Existe contra-indicação para o uso de medicamentos feitos com cannabis?
Sim. O uso de medicamentos feitos com substâncias ativas da cannabis não é recomendado para indivíduos com problemas de dependência química ou psicose.
Ainda que a dependência seja algo raro entre os usuários de maconha, não é recomendado o uso de medicamentos feitos com cannabis nessas pessoas.
9. É possível se tornar dependente de medicamentos com derivados de cannabis?
Sim. Caso o medicamento contenha THC ou alguma substância que atue de forma semelhante ao THC, o risco existe, embora pequeno se comparado com outras drogas.
No entanto, o risco de dependência depende da dose consumida e do tempo de uso, que, nesse caso, precisaria ser prolongado.
No caso da cannabis, calcula-se que 4,2% das pessoas que a consomem desenvolvem dependência. Para efeito de comparação, esse índice chega a 24,1% para o consumo de tabaco (cigarro) ou 14,1% para a ingestão de bebidas alcóolicas.
10. Como vai ser feita a distribuição do medicamento em São Paulo?
Com a nova regra, os pacientes podem solicitar pelo SUS o medicamento, de forma gratuita. No entanto, a regulamentação estabeleceu um protocolo a ser seguido:
- Pacientes precisam ter indicação médica;
- Precisam passar por acompanhamento periódico;
- E devem seguir protocolos clínicos.
Os medicamentos só serão distribuídos com autorização da Secretaria Estadual da Saúde. Ou seja, vai ser necessária uma autorização prévia. Além disso, só vão ser incluídos na lista de distribuição medicamentos com registro de certificação na Anvisa.
A liberação também só vai ser dada com a receita preenchida e assinada pelo médico e apenas nas farmácias especializadas do governo.