O soldado Paulo Rogério da Costa Coutinho pode ser expulso da Polícia Militar (PM) após ter sido acusado de furtar uma orquídea no quartel e de abandonar o posto de serviço durante o Carnaval em São Paulo. Ele nega as acusações e alega inocência.
O policial militar ainda alega que está sofrendo perseguição e preconceito por parte dos superiores por ter o rosto tatuado.
1. O que aconteceu?
Em 2022, o soldado Paulo cuidava do jardim do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no Carandiru, Zona Norte de São Paulo, quando retirou uma orquídea do local.
Segundo o soldado, ele iria replantá-la em outro local. Mas de acordo com a Polícia Militar, Paulo furtou a flor.
Um ano antes, em 2021, Paulo foi acusado de deixar o posto de serviço quando trabalhava na segurança da população que tinha ido ver os desfiles das escolas de samba no carnaval no Sambódromo do Anhembi, também na Zona Norte. O soldado alega que tinha ido ao banheiro, mas que ao voltar foi parado por fãs para tirar fotos. E por isso demorou ao retornar.
Paulo tem mais de 52 mil seguidores na sua página pessoal no Instagram e quase 8 mil inscritos no seu canal no YouTube. Nelas, o soldado é conhecido como “Demolidor”, e mostra a sua rotina de trabalho na PM e também o seu cotidiano, como torcedor do Corinthians, e o convívio com a família e amigos.
2. Quais são as acusações e punições?
De acordo com a Polícia Militar, por causa do caso da demora no trabalho no Carnaval e do sumiço da orquídea o soldado responde a dois processos por indisciplina na corporação: “sendo um pela conduta de abandono de posto e o outro pela prática de peculato.”
As duas infrações são consideradas transgressões disciplinares na esfera militar. A primeira é deixar o trabalho de maneira irregular. A segunda é subtrair ou desviar algo para proveito próprio.
Entre as punições previstas para quem comete as irregularidades acima está a expulsão. Em outras palavras, o soldado pode ser desligado da corporação.
3. Onde foi parar a orquídea?
Em entrevista ao g1, Paulo não esclareceu onde pretendia replantar a orquídea que retirou do jardim. Questionada, sua defesa também não respondeu onde a flor foi deixada pelo soldado.
“Algumas informações não podemos ainda passar, pois ele não deu seu depoimento oficial, ainda”, disse o advogado Thiago Lacerda, que defende o PM.
Segundo a Folha de S.Paulo, o Inquérito Policial Militar (IPM) informa que câmeras de segurança gravaram o furto da orquídea, e que Paulo escondeu a planta no alojamento dos soldados e cabos. E depois levou a flor para o refeitório, onde ela foi encontrada abandonada atrás de um extintor de incêndio por outro policial.
PM abre processo para expulsar soldado acusado de furtar orquídea de quartel e abandonar posto de trabalho — Foto: Reprodução/Redes sociais
4. O que diz a PM?
A Polícia Militar de São Paulo abriu dois processos disciplinares para expulsão de um soldado acusado de furtar uma orquídea e também abandonar o posto de serviço no quartel.
“O Conselho de Disciplina destina-se a declarar a incapacidade moral da praça para permanecer no serviço ativo da Polícia Militar. Cabe ainda esclarecer que os fatos que ensejaram a instauração dos citados Conselhos também estão sendo apurados pela Justiça Militar Estadual”, informa nota da corporação.
5. O que diz o soldado e a sua defesa?
O policial militar Paulo Rogério da Costa Coutinho alega que não cometeu os crimes e disse que está sendo perseguido por seus superiores hierárquicos. Em entrevista ao g1, o soldado falou que sofre pressão dentro da corporação desde que começou a se tatuar, em 2018. Ele alegou ainda que o preconceito aumentou quando decidiu tatuar o rosto, em 2021.
Paulo está há 18 anos na corporação e atualmente trabalha no 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM).
“Sempre fui perseguido. Um comandante da PM me chamou na sala dele e disse para eu parar de fazer tatuagem. Eu respondi que não porque estava amparado pela lei”, falou o policial.
Ao g1, o advogado Thiago Lacerda, que defende o soldado, disse que o Ministério Público Militar (MPM) chegou a pedir o arquivamento da acusação de furtar a orquídea. E que, no seu entendimento, os processos disciplinares contra Paulo são motivados por preconceito.
“Isso é uma perseguição preconceituosa, devido às tatuagens que ele tem, inclusive no rosto. Abriram um processo disciplinar para saber se o soldado tem condições morais de permanecer na PM”, disse Thiago.
“Como policial e cidadão ele não tem nada que desabone, pelo contrário, ele tem várias ocorrências positivas, como partos e faz várias obras sociais e de caridades. Além de resgatar animais abandonados.”