A Polícia Militar pretende iniciar conversas com o Governo Federal e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com o objetivo de ampliar a base de dados usada nas câmeras com capacidade de reconhecimento facial à disposição da corporação. A ideia é que, além dos 28 mil foragidos da Justiça do Rio que já constam no sistema, sejam incluídos parâmetros de cidadãos de outros estados que tenham mandados de prisão em aberto.
O monitoramento foi usado durante o réveillon de Copacabana e resultou na prisão de um homem que responde por tentativa homicídio duplamente qualificado e estava foragido desde março do ano passado. Ele foi identificado pelo sistema de reconhecimento facial quando tentava passar pelo ponto de bloqueio e revista montado pela corporação na Rua Miguel Lemos e levado para a 13ª DP (Ipanema). Todos os acessos à praia na noite da festa contaram com pontos de controle monitorados pelas câmeras e equipados também com detectores de metal.
No primeiro semestre deste ano serão instaladas também 87 câmeras de leitura de placas de veículos em vias expressas como Avenida Brasil, túneis da capital e nas Linhas Amarela e Vermelha, onde já estão sendo realizados testes com o equipamento. A ideia é identificar carros que constem como roubados circulando por esses corredores.
O funcionamento das câmeras com reconhecimento facial é baseado no cruzamento das imagens captadas em tempo real com cerca de 100 mil fotos disponíveis no banco de dados com informações sobre 28 mil foragidos da Justiça. A ação tem o apoio do Detran e da Polícia Civil, que foi responsável pela atualização dos dados.
As lentes das câmeras são capazes de fazer um zoom a 25 metros de distância podem verificar mais de 60 faces por segundo. As imagens captadas vão diretamente para o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro, onde está instalado o programa de reconhecimento facial. Além de serem enviadas para o CICC, elas serão espelhadas para os laptops dos policiais nos locais de revista e nos batalhões das áreas de atuação.
— A tecnologia dos equipamentos ajuda muito, mas é o tino do policial ao analisar as imagens que irá determinar a necessidade de pedir a identificação do suspeito e, posteriormente, fazer a revista. Quando o programa detectar alguém com mandado de prisão, soará um alerta. Se a pessoa estiver na orla, será localizado o policial militar mais próximo do alvo, para que ele seja abordado — explicou o major Agdan Miranda Fernandes, diretor de Infraestrutura e Tecnologia do CICC.
Segundo o diretor, as câmeras passaram por pelo menos quatro testes em dezembro do ano passado antes da utilização no réveillon de Copacabana. Em 2019, houve um teste com o equipamento de outra empresa, também no réveillon, mas após a pandemia outras empresas aperfeiçoaram seus programas. O software que usado atualmente pela PM é o mesmo empregado na segurança da Copa da Rússia em 2018.
— A tecnologia avançou muito nestes últimos cinco anos. O programa funciona da seguinte forma: buscando pontos de distância dos olhos, da testa das pessoas, uma espécie de assinatura única — explicou Agdan.
E não adianta tentar se esconder. O programa é capaz de identificar pessoas mesmo que elas estejam usando óculos, capuz ou bonés, por exemplo.