O dia 27 de janeiro poderia ser um dia comum para muitos, mas é mais especial para o cantor Djavan, que celebrou, nesse sábado, 75 anos de muito talento, poesia e sonoridade. Além de serem presentes em suas canções, as qualidades enquanto exímio compositor são evidenciadas nas páginas do livro Cor, Som e Sentido – A metáfora na poesia de Djavan, da escritora Maria Heloisa Melo de Moraes, publicado e comercializado pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
No livro, a autora apresenta a relação entre música e poesia, baseando-se, principalmente, no posicionamento do papel do gênero literário na modernidade. Ela também trata do que seria a conceituação sobre a qualidade da música, ao considerar o papel que exerce como divulgadora da escrita poética. A partir disso, a autora chega ao cantor Djavan como um compositor que escapa à “tendência puramente comercial da música popular brasileira contemporânea” e que “chama a atenção pelas características bem pessoais de sua obra”, como relata a autora.
Em sua obra, Heloisa ressalta ainda que o estudo apresentado tem como observação mais relevante “A beleza e a criatividade de suas metáforas, que algumas vezes beiram o nonsense. Quase sempre relacionadas à natureza, têm elas uma característica que vemos como sua marca: a recorrência ao mar (e todo o universo semântico a ele relacionado, direta ou indiretamente) e às cores, especialmente azul”, escreve.
O Oceano de Djavan
Popularmente conhecido não só no Brasil como também fora do país, Djavan canta, em seus versos, as referências marcantes na sua memória, especialmente aquelas relacionadas a Alagoas, como no trecho da canção que leva o nome do estado: “eu fui batizado na capela do Farol, matriz de Santa Rita, Maceió”. Tal citação reforça também a lembrança marcante de sua terra natal presente em seu trabalho autoral e a forma como isso mesmo o lançou no mundo.
Afinal, o cantor é referência para muitos que acompanham a Música Popular Brasileira (MPB), pois a história de seu trabalho se mistura ou emerge de uma profunda vontade de compor e cantar com a própria voz e o modo de perceber as pessoas, os lugares, as relações.
Nem sempre foi fácil, mas sua perseverança lhe abriu portas e o fez se tornar o artista que é. Esse contexto pode ser conferido na Revista Graciliano nº 26, intitulada O Oceano de Djavan, publicada pela Imprensa Oficial em 2016. No periódico, é possível conferir alguns registros sobre a carreira, mas especialmente uma reportagem sobre a construção do artista, desde sua saída de Maceió.
Acesso à obra
Cor, Som e Sentido teve sua segunda edição lançada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos durante a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, realizada em agosto de 2023, como um dos sete títulos que compõem a coleção Mulheres Extraordinárias.
Recomendado como uma importante obra para entender a construção do que a autora nomeia como canções-poemas, o livro está disponível na loja on-line da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.