O jogador Dimas Cândido, atleta do sub-20 do Corinthians, prestou um novo depoimento, na última quarta-feira (7), sobre a morte da estudante de enfermagem Lívia Mator, de 19 anos. O depoimento do jovem, de 18 anos, aconteceu na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher, na zona leste de São Paulo, e durou cerca de oito horas — tendo iniciado pouco antes das 10h30 e terminou pouco após as 18h.
No depoimento, Dimas revelou que realizou massagens cardíacas para tentar reanimar a jovem de 19 anos, que morreu após o encontro com o atleta. Conforme áudios obtidos pelo O GLOBO, revelaram que os socorristas tiveram dificuldades em acessar local onde a vítima estava.
O prontuário divulgado pelo SAMU alega que o problema foi o prédio onde o jogador mora. Entre a ligação para o SAMU e a entrada no hospital, se passaram mais de 1h30h.
“Chegamos muito rápido ao local (próximo à nossa base), difícil foi chegar ao apartamento dentro do condomínio, com porteiros mal-treinados, difícil acesso e elevador único que estava preso em outro andar”, afirma o laudo. “Enfim, conseguimos acessar a vítima com 18 minutos de parada cardiorrespiratória (PCR). A paciente foi encaminhada da residência em PCR e com sangramento transvaginal volumoso”.
Em entrevista concedida ao O GLOBO, o advogado do jogador questionou a conduta do serviço prestado pelo SAMU e revelou que a vítima precisou ser transportada no elevador do condomínio sem o uso de uma maca. Segundo ele, a jovem ainda teria caido no chão, até ser colocada na ambulância.
SEGUNDO DEPOIMENTO
Este é o segundo depoimento do meio-campista sobre o caso — o primeiro aconteceu no dia da fatalidade, na 30ª delegacia de polícia.
“Ele não está sendo interrogado, está sendo ouvido e tem o compromisso, sim, de prestar a verdade e está repassando todas essas provas para ela”, disse o advogado Tiago Lenoir, na porta da delegacia.
Segundo o advogado do jogador, Dimas cedeu o celular, à advogada responsável pelo caso, durante todo o depoimento.
“O Dimas está à disposição para fazer toda e qualquer perícia, coleta de material genético… o celular dele não precisa de quebra de sigilo telefônico, nós estamos expondo, fique à vontade para virar e revirar o Dimas. Para quê? Para deixar claro que ele não cometeu nenhum crime”, concluiu.
NOVO DEPOIMENTO
Dependendo dos resultados dos exames de necropsia, sexológicos, toxicológicos e coleta de materiais — realizados no corpo da jovem — Dimas pode ser chamado, novamente, para prestar depoimento.
Além dos exames, é aguardado o resultado dos laudos do Instituto Médico Legal (IML), para da continuidade as investigações. Segundo apuração do UOL, a tendência é que os resultados, que demorariam até 30 dias para ficarem prontos, saiam mais cedo, devido à repercussão do caso.
CONVERSAS FREQUENTES
De acordo com reportagens do Domingo Espetacular, da Record TV, e do Fantástico, da TV Globo — que tiveram acesso a conteúdos das conversas entre os dois, por celular — eles trocavam mensagem desde abril de 2023, pelo menos, e, desde o início de janeiro deste ano, eles conversavam com mais frequência. Segundo a mãe da estudante, Lívia já havia comentado sobre Dimas, mas não o tratava como namorado, mas como amigo.
Segundo a defesa do jogador, no dia do acidente seria a primeira vez que os dois se encontravam pessoalmente, fato que gera discordância entre as partes. Em um áudio, enviado para uma amiga, Lívia conta que eles quase namoraram. “A gente estava quase namorando, a gente se encontra, a gente sai, ele é muito legal”, disse a estudante, em mensagem de voz.
CORTE NA REGIÃO GENITAL
Conforme o boletim de ocorrência, foi detectada uma fissura de cinco centímetros na região genital da vítima, que, segundo os médicos, foi a fonte da hemorragia sofrida pela jovem. Já no atestado de óbito de Lívia apontava uma ruptura na escavação retouterina (região genital localizada entre o útero e o reto).
Segundo o advogado da estudante, Alfredo Porcer, esse tipo de lesão devia acontecer em uma relação sexual casual, levando-o a afirmar que é necessário saber se algum objeto foi introduzido na região íntima da jovem ou se a relação foi consensual. Já o advogado do atleta reforça que a relação foi consentida por ambos, com uso de preservativos.
ENTENDA O CASO
A estudante de enfermagem Livia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos, morreu, na última terça-feira (30), após um encontro com o jogador de futebol da equipe sub-20 do Corinthians, Dimas Cândido de Oliveira Filho, de 18 anos.
Segundo o rapaz, o encontro teria acontecido no apartamento do atleta no bairro Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. No local, os dois tiveram relações sexuais, porém, a jovem passou mal e desmaiou na sequência. Ao perceber que a jovem estava desacordada, o jogador ligou para o SAMU.
Conforme informações da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), Livia foi levada ao Pronto Socorro, mas faleceu no hospital, após apresentar sangramento nas partes íntimas e ter sofrido quatro paradas cardiorrespiratórias, sendo: uma no apartamento do atleta, uma na ambulância, e outras duas já no Hospital Municipal de Tatuapé. O caso foi registrado como morte súbita, sem causa determinante aparente.