O Embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, aponta que as destruições causadas pela guerra entre Israel e Hamas já atingiram cerca de 75% da Faixa de Gaza e destaca quanto esforço é necessário para a reconstrução do território.
“Se a guerra acabasse hoje, precisaríamos de 10 anos para reconstruir Gaza se os recursos estiverem disponíveis, disse o embaixador.
A declaração foi feita durante coletiva do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, na Embaixada da Palestina, nesta terça-feira (27), em Brasília. Em outubro de 2023, o grupo terrorista Hamas atacou Israel iniciando uma nova etapa do conflito entre israelenses e palestinos.
Situação humanitária
O embaixador também chamou atenção para a situação dos civis na Faixa de Gaza. De acordo com Alzeben, o povo está vivendo um “processo de extermínio” diante da falta de meios de sobrevivência.
“Nenhuma vida está a salvo. Homens, mulheres, crianças, hospitais, escolas, ruas, eletricidade, água. Estão acabando com todos os meios de vida humana na Faixa de Gaza”, afirmou o embaixador.
O g1 questionou a Embaixada de Israel no Brasil sobre as declarações feitas por Ibrahim Alzeben, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
‘Genocídio’
Ibrahim Alzeben comentou ainda sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza. Segundo o embaixador, a declaração foi uma “postura corajosa”.
“É uma limpeza étnica, deslocamento forçado, genocídio que o governo israelense descreve como legítima defesa. Temos o direito e dever de preservar nossa segurança, cultura, futuro. Nada justifica tamanha tragédia”, afirma o embaixador.
Ainda de acordo com Alzeben, as mortes poderiam ser evitadas, se tivessem apoio internacional e criticou a atuação dos Estados Unidos em defesa a Israel — referência a vetos feito pelo país a propostas de cessar-fogo, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Como começou o conflito?
O conflito entre Israel e Palestina se estende por mais de 70 anos. Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados na Palestina — um judeu e um árabe — , sob o governo britânico. A proposta foi aceita pelos líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Por isso, nunca foi implementada.
O Estado de Israel foi proclamado pelos líderes judeus no ano seguinte, causando revolta entre os palestinos e resultando na Guerra árabe-israelense de 1948.
Em 1967, aconteceu a Guerra dos Seis Dias, que mudou o cenário na região. Israel venceu e tomou à força a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, então sob controle da Jordânia, bem como a Faixa de Gaza, sob administração egípcia.
Desde então, o país anexou Jerusalém Oriental — onde estão localizados santuários venerados por cristãos, judeus e muçulmanos — e continua a ocupar a Cisjordânia, mas se retirou em 2005 da Faixa de Gaza, controlada pelo grupo terrorista Hamas desde 2007.
A solução de referência da comunidade internacional é a criação de um Estado palestino que coexista em paz com Israel.
O fim do conflito ainda implica em disputas que parecem cada vez mais sem resolução, como a segurança de Israel, as fronteiras, o estatuto de Jerusalém e o direito de retorno dos refugiados palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas terras, por exemplo.