Uma câmera de segurança flagrou parte da ação do casal apontado pela Polícia Civil como responsável por matar uma menina de três anos em Indaial, no Vale do Itajaí, SC. A mãe e o padrasto de Isabelle de Freitas aparecem em imagens carregando a mala usada por eles para levar o corpo da pequena até o local onde foi enterrado. O padrasto cavou uma cova com as próprias mãos na mata após o assassinato da criança, segundo o delegado Filipe Martins.
Conforme a gravação, era pouco antes das 16h de segunda-feira (4) quando os dois são flagrados caminhando juntos. O homem está carregando uma mala. Eles olham para os lados, como se cuidassem para ninguém os ver, e deixam a bolsa ao lado de um poste, na calçada. Depois, saem do local. Pouco antes disso, segundo a investigação, o casal foi ao pé a uma área de mata perto de onde moram, próximo da BR-470, e colocou a pequena em uma cova rasa.
O próprio padrasto indicou o local aos agentes.
No horário que aparece nas imagens, segundo o relato inicial do casal, a menina já estava desaparecida e os dois mantinham uma história indicando que Isabelle tinha sido sequestrada. O padrasto chegou a conversar com a reportagem do NSC Total antes de ser interrogado, na tarde de quarta (6). Em meio às lágrimas, reafirmou a versão de sumiço da enteada, declarou amor pela pequena e disse que o sentimento era de “dor e culpa” por ter deixado alguém levá-la.
Vizinhos ouviram brigas na casa
O delegado afirma que as histórias contadas por eles pareciam bastante ensaiadas. Ao ouvir os relatos de vizinhos, veio a informação de que na manhã de segunda (4) houve uma briga na residência. De imediato a situação levantou suspeita. Um homem que se apresentou como missionário de igreja e mora com a família há duas semanas disse ter ouvido os choros da criança, mas afirmou não ter visto o que ocorreu de fato. A polícia, em princípio, descarta o envolvimento dele no crime.
Os agentes dizem que a criança sofreu espancamento até a morte. A casa passou por perícia e vestígios de sangue foram encontrados. O padrasto confessou ter iniciado o ataque à pequena e depois a mulher teria participado também. Ela negou ter agredido a criança. Entretanto, ao se darem conta da morte da menina, combinaram a história de suposto sequestro para tentar despistar a polícia. Chegaram a chamar um carro de aplicativo durante a tarde para que o veículo aparecesse na rua e os vizinhos vissem.
Isso, para a dupla, sustentaria a tese de sequestrado. Entretanto, os agentes encontraram o motorista de aplicativo. O homem contou ter recebido um pedido de corrida para o endereço da família, foi ao local e esperou por cerca de cinco minutos. Mas como ninguém apareceu, ele desistiu do chamado. Ao longo daquela tarde, os vizinhos relatam que o casal foi nas casas perguntando se alguém tinha visto a pequena, para tentar simular uma preocupação.
ães farejadores chegaram a ser mobilizados para procurá-la na área de vegetação ao lado da casa da família, considerando a possibilidade de Isabelle ter caído no barranco e se machucado. O corpo de Isabelle foi encontrado no início da noite de quarta (6), não muito longe da residência, mas no sentido aposto ao local onde os bombeiros a procuraram.
O casal teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. O inquérito tenta esclarecer agora se houve um homicídio ou um caso de tortura com resultado morte, cuja pena é ainda maior. A mulher tem outro filho, de seis anos, que morava na casa. Ele foi acolhido pelo Conselho Tutelar. Conforme a polícia, o órgão já tinha recebido denúncias de maus-tratos contra as crianças.
Caso demorou a vir à tona
O sumiço da menina de apenas três anos veio à tona durante a quarta-feira (6), mas chegou ao conhecimento da Polícia Militar na segunda (4) à tarde, quando o padrasto ligou para o 190. Uma guarnição foi ao local e com a ajuda de um bombeiro fez buscas na região. Desde então os agentes perceberam que os relatos não pareciam reais. Durante a terça (5), a PM diz que continuou procurando, mas novamente sem sucesso.
Nesse dia, a madrinha e tia da criança procurou a imprensa e estranhou o fato de mãe de Isabelle não querer dar entrevista. Morgana Sehnem foi quem contou aos noticiários sobre o sumiço e publicou nas redes sociais. Logo houve uma série de compartilhamentos e a história se espalhou. Na quarta pela manhã a Polícia Civil foi informada. Ao longo da tarde, muitos conhecidos do casal estiveram na delegacia e logo eles acabaram confessando.
Morgana, que é irmã da mãe de Isabelle, relatou que no fim do ano a menina tinha aparecido com uma queimadura, mas teria ouvido que ocorreu um acidente com café. Ela mora em Ibirama e estava em Indaial na tarde de quarta para buscar o sobrinho mais velho quando recebeu a notícia da morte da pequena.