Uma idosa, de 86 anos, descobriu que carregava um “bebê de pedra”, ao ser encaminhada para o Hospital Regional de Ponta Porã, na região sul de Mato Grosso do Sul, com dores abdominais. A suspeita da equipe médica é de que a mulher estava com o feto calcificado no abdômen há 56 anos, desde quando a idosa teve a última gestação.
A mulher deu entrada no HR de Ponta Porã com um quadro de infecção grave em 14 de março deste ano. No mesmo dia, uma tomografia constatou o feto calcificado na região do abdômen da idosa.
Assim que se deparou com a situação, a equipe de obstetrícia da instituição foi acionada e realizou a cirurgia para retirada do feto. Após o procedimento, a idosa foi encaminhada para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e morreu no dia 15 de março. A morte foi em decorrência do quadro grave de infecção generalizada.
No início do atendimento, a equipe médica suspeitava de câncer. Entretanto, só apenas após uma tomografia 3D que o diagnóstico foi fechado, após reconhecerem o feto calcificado no abdômen da idosa.
Conforme apuração do g1, a idosa teria permanecido com o feto após a última gestação dela, há cerca de 56 anos. Desde então, a mulher passou a carregar o bebê que se desenvolve no abdômen, o que gerou a calcificação. Especialistas apontam esta condição como raríssima.
Caso raríssimo
O secretário de Saúde de Ponta Porã, Patrick Derzi, explicou que o nome da condição é litopedia. Derzi, que também é médico, comentou que o quadro clínico da idosa é considerado um tipo raro de gravidez, que só ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica dentro do corpo da mãe.
“A litopedia é um tipo raro de gravidez ectópica [tipo de gravidez quando o óvulo fertilizado se desenvolve fora do útero], e ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica. O ‘bebê de pedra’ é resultante e pode não ser detectado por décadas, e pode causar complicações futuras”, comentou o secretário.