Semarh prevê chuvas acima da média na quadra chuvosa; sistema de Defesa Civil intensifica monitoramento

Período começa em abril e vai até setembro

Abril marca a chegada de uma nova quadra chuvosa em Alagoas, período que vai até setembro e que registra um aumento das precipitações em todo o Estado. Diante de um cenário climático de mudanças, com ondas de calor que elevaram as temperaturas nos primeiros meses do ano e em que até fenômenos meteorológicos inéditos foram registrados, as projeções da equipe da Superintendência de Prevenção em Desastres Naturais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (Spden/Semarh), são de que este período seja de chuvas acima da média em diversas regiões do estado.

Thiago Sampaio / Agência Alagoas

Superintendente de Prevenção de Desastres Naturais da Semarh, Vinícius Pinho

Pensando na necessidade de se preparar, integrantes do sistema Estadual de Defesa Civil participaram da manhã desta quarta-feira (10), na sede da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), da reunião de preparação de desastres para a quadra chuvosa de 2024.

O superintendente de Prevenção de Desastres Naturais, Vinícius Pinho, que coordena a Sala de Alerta da Semarh, informou que espera-se que a intensidade seja maior na metade leste de Alagoas, abrangendo as regiões ambientais do Litoral, Baixo São Francisco e Zona da Mata.

“Nós temos condições favoráveis a volumes expressivos de chuva nesta quadra chuvosa, o que é uma preocupação para a gente. Esses volumes devem ser mais expressivos, principalmente, na metade leste do estado de Alagoas, que é aquela região mais vulnerável, onde ficam as nossas principais bases hidrográficas com histórico de inundação”, alertou Vinícius

Os rios com maiores riscos são Mundaú, Paraíba e Jacuípe, que ficam na zona da mata, uma região bem propícia à chuvas intensas durante a quadra chuvosa.  Vinícius Pinho acrescentou que o cenário está muito parecido com o do último ano, com a saída de um período de El Niño, quando diminui o volume de chuvas na região, mas rapidamente entra em um novo fenômeno, o La Niña, que favorece as chuvas na região.

“Mas, além disso tudo, a gente está com temperaturas da superfície do mar no Oceano Atlântico, próximo à costa, muito aquecidas, e isso favorece que o oceano aquecido seja combustível para a formação de chuva. Então o nosso cenário é esse, propenso para bastante chuva na região”.

Vinícius disse que não é possível adiantar o volume de chuvas que ocorrerão durante a quadra chuvosa. “É difícil quantificar. No período chuvoso, na região litorânea do estado, choveu em torno de 800 a 900 milímetros no trimestre. Então é um volume bastante expressivo. A nossa grande preocupação é que essa chuva caia num curto espaço de  tempo”, pontuou Vinícius, lembrando que devido a mudanças climáticas os fenômenos estão cada vez mais frequentes. “De 2010 para cá tivemos vários períodos de desastres, seja de chuvas intensas ou seca extrema”, observou.

Segundo o secretário-executivo da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel CB Rômulo Guedes, as reuniões para prevenção de desastres acontecem todos os anos como forma para fazer a prevenção e a gestão de desastres no período de chuvas.

“Começamos com o monitoramento lá na Sala de Alerta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e trazemos toda essa informação para que o corpo de gestão do desastre possa trabalhar nesse momento de chuva”, esclareceu Rômulo Guedes.

Serão realizadas ainda reuniões em quatro polos: dia 17/4, em Penedo com municípios do litoral sul; Dia 24/4, Porto Calvo, com litoral norte; dia 8/5 em Viçosa com o Vale da Paraíba; e 15/5, São José da Laje com o vale do Mundaú. Rômulo Guedes observou  que já houve ocorrência de chuvas pontuais no último fim de semana se concentrando em todo o litoral, norte ou sul.

“Esse é o um momento de preparação que fazemos em todo mês de março a abril e Alagoas é exemplo disso, nesse modelo de gestão pública de prevenção de desastre, já que toda a quadra chuvosa a gente tem desastre, não importa a intensidade, e nós temos um histórico de desastre, como 2010, 2017 e 2022”, lembrou o secretário-executivo da Defesa Civil Estadual.

O secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gino César, informou que a partir de 2010 quando houve uma das maiores cheias no estado, que atingiu 95 municípios alagoanos, com 150 mil pessoas atingidas e 48 óbitos, o Estado vem se equipando para enfrentar esses desastres. Exemplo disso, foi a criação da Sala de Alerta, que no ano passado passou a fazer parte oficialmente da estrutura da Semarh.

“Hoje temos uma superintendência de Prevenção de Desastres e temos um equipamento que digitaliza todas as informações referentes a desastres e até o fim do ano, estaremos com 100% dos municípios alagoanos monitorados por esse sistema”, adiantou Gino César.

O Major Bombeiro Felipe Dórea, piloto e coordenador de Ensino do Comando de Aviação do Estado de Alagoas, fez uma explanação sobre os procedimentos operacionais para acionamento e recepção de aeronaves na resposta de desastres.

“Contamos hoje com cinco aeronaves de asas rotativas, que são os helicópteros, e duas aeronaves de asa fixa, que são os aviões. A asa rotativa e os cinco helicópteros estão todos capacitados, equipados para o atendimento em caso de desastres em casos de inundações”, assegurou o major.

O representante da Capitania dos Portos de Maceió, capitão-tenente Camões, garantiu que a Marinha tem viaturas aquáticas para fazer o socorro de vítimas das enchentes, caso seja acionada. “Essa missão é de suma importância para a sociedade e nós temos a nossa disposição as viaturas e as nossas embarcações que são propícias a navegar em áreas alagadas”, informou.

O coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Moisés Melo, que está participando de uma reunião em Brasília, abriu a reunião, por videoconferência, agradeceu a presença de todos que fazem o Sistema de Defesa Civil na reunião da AMA, ressaltando a importância das medidas preventivas para mitigar o efeito de chuvas fortes. “O Estado está pronto para qualquer tipo de desastre e coloca toda a sua estrutura do Estado para servir a população e  os municípios que necessitem”,  assegurou Moisés.

Spden/Semarh 

A Spden/Semarh mantém uma rede abrangente de pluviômetros automáticos, estações hidrológicas e meteorológicas modernas que, juntamente com o uso de imagens de satélite e radar meteorológico, monitoram de perto as condições em todo o estado. Essa abordagem, baseada em dados e tecnologia, permite uma resposta mais ágil e eficaz a situações de emergência, ajudando a reduzir o impacto de desastres naturais e proteger a população, em especial os vulneráveis.

Em caso de observação de chuvas, a equipe da Spden/Semarh fica em plantão 24 horas, com meteorologistas e técnicos monitorando as condições climáticas e hidrológicas, trabalhando em escalas e turnos. Em caso de identificação de chuvas significativas em áreas de risco, ou de possibilidade de aumento do nível dos rios, inicialmente é emitido um estado de atenção às Defesas Civis Estaduais e municipais. Caso as condições se intensifiquem, são emitidos avisos meteorológicos e hidrológicos para as autoridades competentes e para a população, sendo transformados em Alerta quando indicam risco à vida. Essas medidas têm como objetivo precaver a população e facilitar ações preventivas, como evacuações e realocações.

É importante ressaltar que o risco de desastres naturais durante a quadra chuvosa permanece presente, especialmente em áreas propensas a inundações e deslizamentos de terra. Portanto, a colaboração e o engajamento da comunidade são fundamentais para garantir a segurança e a resiliência de todos os alagoanos diante dos desafios que podem surgir nos meses à frente. Entretanto, o Governo de Alagoas mostra-se preparado no monitoramento das condições climáticas, em especial durante a quadra chuvosa.

Participaram da reunião representantes das Secretarias de Estado da Segurança Pública (SSP), Educação (Seduc)  e Meio Ambiente, Saúde (Sesau) e Recursos Hídricos (Semarh), Casal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Rodoviária Federal, Marinha e Comando Aéreo.

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