Desde o dia 20 deste mês, a polícia investiga e tenta esclarecer a morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. O corpo dele foi encontrado por bombeiros, em avançado estado de decomposição, no apartamento onde morava no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio.
O cheiro chamou a atenção de vizinhos, que acionaram o socorro.
Para a polícia, Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada de Luiz, é a principal suspeita do crime. Segundo os investigadores, ela queria ficar com bens e valores da vítima. Ela já é considerada foragida.
A cigana Suyane Breschak, amiga de Júlia, foi presa por suspeita de participar da trama, recebendo bens da vítima, segundo a polícia.
O corpo de Luiz foi achado no sofá da sala, ao lado de cartelas de morfina. Ele estava sentado, com dois ventiladores ligados — um no teto e outro no chão — em direção à janela, que estava aberta.
A cena chamou atenção e levantou suspeitas de que a morte não tenha sido natural. A polícia foi chamada e fez uma perícia no local. O caso passou a ser investigado pela 25ª DP (Engenho Novo).
Segundo os vizinhos, Luiz Marcelo foi visto pela última vez na tarde de sexta-feira (17), saindo da piscina. Ele estava acompanhado da namorada.
O laudo do Instituto Médico-Legal apontou que ele morreu de 3 a 6 dias antes do corpo ser achado. A causa da morte foi inconclusiva para marcas aparentes e lesões, mas a polícia solicitou exames complementares, que ainda não ficaram prontos.
A namorada foi intimada a depor dois dias depois do cadáver ter sido achado. À polícia, ela disse que saiu da casa de Luiz na segunda após uma briga no domingo, mas informou que ele estava bem e chegou a preparar o café da manhã para ela.
Os investigadores tiveram acesso às imagens do circuito de câmeras do prédio, que mostram Luiz e Júlia na sexta-feira no elevador, indo e voltando da piscina.
Saiu do prédio com malas
A polícia descobriu que Júlia deixou o prédio com malas às 13h da segunda-feira (20). No sábado, ela já tinha saído com o carro de Luiz, mas retornou sem ele.
Ela contou que deixou o veículo na Maré para ser vendido, com a chave na ignição, mas não sabe o que aconteceu.
Os investigadores, no entanto, descobriram que Júlia passou com o carro na Via Lagos, no sentido Cabo Frio. Na cidade litorânea, ela encontrou um casal de amigos, que ficou com o carro. A mulher é a cigana Suyany.
Em depoimento informal prestado à polícia, o homem contou que a cigana pode ter ajudado Júlia a planejar o crime. Segundo ele, as duas ministravam medicamentos à vítima há algum tempo. Suyany foi presa na noite de terça-feira, em Cabo Frio, na Região dos Lagos.
Na delegacia, ela contou que conheceu Júlia há 12 anos e já havia feito “trabalhos” para ela com alguns ex-namorados. Disse ainda que, por conta desses “trabalhos”, Júlia contraiu uma dívida de R$ 600 mil e que vinha pagando, há cinco anos, R$ 5 mil mensais.
A cigana revelou que a suspeita trabalhava como garota de programa e que todos os “trabalhos” eram feitos para que os companheiros não descobrissem sua profissão. Suyany contou que soube da morte de Luiz Marcelo no dia 18, em um churrasco que fez com a amiga logo depois da entrega do veículo.
O carro da vítima teria sido entregue para amortizar a dívida em R$ 75 mil. O veículo, segundo a cigana, foi dado a um ex-namorado, que a ameaçava. Ele também teria recebido roupas e um ar-condicionado da vítima.
Os agentes descobriram também que Júlia recebeu, na segunda, um cartão de conta conjunta com Luiz e usou o celular dele para falar com um homem com quem ele vinha negociando a venda de um imóvel.
Na mensagem, de acordo com a investigação, ela pediu que o comprador adiantasse a transferência de uma quantia de R$ 3 mil.
Depoimento do porteiro
Em depoimento à polícia, o porteiro do prédio onde Luiz morava disse que, no último mês, notou uma mudança no comportamento do morador, “aparentando estar sob efeito de algum medicamento ou droga”. Ao questioná-lo, Luiz disse que estava “passando apenas por um problema de pressão.”
Segundo o funcionário, o morador chegou a apresentar a namorada a ele e disse que ela teria passe livre e uma chave do apartamento. Ele contou que, até o dia da morte, Júlia apresentava um “comportamento normal”, mas, percebeu um nervosismo no sábado (18), quando ela desceu, por volta das 12h30, e pediu ajuda para tirar o carro de Luiz da garagem. Segundo ele, ela voltou às 18h30, sem o veículo. Ao perguntar por Luiz, teria dito “tá doente, acamado em casa”.
Na segunda, dia em que o corpo foi achado, o porteiro falou que Júlia desceu pela manhã perguntando se tinha chegado alguma correspondência. Às 11h, uma carta do banco endereçada a Luiz chegou, e ela desceu para buscar. O porteiro contou que viu, pelo circuito interno de TV, quando Júlia abriu o documento dentro do elevador.