Um fisioterapeuta, de 37 anos, suspeito de se passar por médico, foi preso nesta segunda (3), em Belo Horizonte, por exercício ilegal da medicina. Ele também pode responder por falsidade ideológica, estelionato e apresentar atestado falso. O nome dele não foi divulgado pela Polícia Civil.
De acordo com a delegada Gislaine Rios, três vítimas já foram identificadas. Uma delas chegou a fazer harmonização íntima com o homem e apresentou uma notícia-crime depois do resultado desastroso do procedimento.
Ainda segundo Gislaine, o paciente procurou novamente o falsário para reverter o processo, mas ele causou ainda mais danos.
A harmonização íntima custava entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Mesmo os valores sendo considerados altos, a delegada falou que eram abaixo dos cobrados por profissionais qualificados.
Ele atendia em uma clínica no bairro Barreiro de Baixo, na Região do Barreiro. A Polícia Civil informou também que o homem atuava no local há seis anos e fazia várias intervenções médicas como infiltração na coluna por R$ 12 mil e no joelho a R$ 4,5 mil.
Uma outra vítima contou à polícia que fez uma infiltração no joelho, mas, como sentia muitas dores, procurou outro médico que explicou que a intervenção jamais poderia ter sido feita. A mulher corre risco de ter que colocar uma prótese no joelho.
Medicamentos e ‘especializações’
Gislaine Rios falou que o falso médico usava medicamentos, ácidos e anestesia sem ter qualquer qualificação, já que ele é apenas fisioterapeuta.
Ao ser levado para a delegacia, ele apresentou certificados de cursos feitos a distância, que não são reconhecidos pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).
Gislaine disse que o “médico” se apresentava como especialista em várias áreas com mais de 15 anos de experiência. São elas:
- Terapia ortomolecular,
- Injetáveis,
- Medicina do esporte,
- Farmacologia,
- Endocrinologia e metabolismo,
- Ortopedia e traumatologia,
- Emagrecimento,
- Análise hormonal,
- Hipertrofia,
- Controle de dores articulares.
Atestado médico
A delegada ressaltou ainda que ele emitia atestados médicos – o que é proibido para fisioterapeutas que podem somente dar atestado de comparecimento – e prescrevia remédios para colesterol e pressão, por exemplo.
Para fazer os documentos, ele usava números de CRMs de médicos falecidos, de outros estados e/ou que estavam inativos junto ao Conselho Regional de Medicina.
Um dos carimbos utilizados, conforme explicou a delegada, tinha o prenome e, coincidentemente, a mesma primeira letra do sobrenome dele.