Autoridades dos EUA afirmaram não ter registros de que Bolsonaro apresentou comprovante de vacina para entrar no país, diz PF

PF investiga se o ex-presidente e assessores usaram dados falsos de imunização contra Covid para entrar nos Estados Unidos. Bolsonaro já foi indiciado pela PF por suposta participação em um esquema de falsificação de cartões de vacina. PGR pediu apurações complementares.

A Polícia Federal afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não conseguiu, com as autoridades dos Estados Unidos, informações sobre o possível uso de dados falsos de vacinação contra a Covid naquele país pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e mais 15 pessoas foram indiciadas pela PF por um suposto esquema de falsificação de cartões de vacina. Em nota, a defesa de Bolsonaro disse que a investigação é “enviesada”.

Reuters

Bolsonaro e Mauro Cid

Segundo os investigadores, o grupo incluiu informações falsas em um sistema do Ministério da Saúde, para beneficiar o ex-presidente, parentes e auxiliares dele.

Antes de decidir sobre os próximos passos do caso, a Procuradoria-Geral da República pediu que a Polícia Federal aprofundasse as investigações e reunisse informações sobre o suposto uso dos dados falsos nos EUA.

A PF, então, enviou um pedido de Cooperação Jurídica Internacional em Matéria Penal à Autoridade Central dos Estados Unidos, solicitando informações sobre a legalidade ou ilegalidade do ingresso naquele país dos investigados, especialmente sobre a utilização de certificados de vacinação contra a Covid-19 nos procedimentos de entrada, permanência e saída do país.

Em resposta, o Departamento Americano repassou registros de passagem de fronteira fornecidos pelo órgão dos Estados Unidos responsável pelo controle alfandegário e pela proteção de fronteiras (U.S. Customs and Border Protection).

Segundo a PF, foram encaminhados os registros de entrada e saída dos Estados Unidos, entre 1º de janeiro de 2021 e 31 de março de 2023, de Jair Bolsonaro, de Mauro Cesar Barbosa Cid e da esposa Gabriela Santiago Ribeiro Cid, e dos assessores Max Guilherme Machado de Moura, Sergio Rocha Cordeiro e Marcelo Costa Câmara.

“Importante ressaltar que o Departamento de Justiça americano relatou que o u.s. Customs and Border Protection (CBP) não possui registros se os investigados supramencionados apresentaram comprovantes de vacinação contra a COVID-19”, diz o relatório da PF enviado ao STF.

“Da mesma forma, os registros de controle de entrada e saída do território americano não trazem as informações se os investigados alegaram que foram vacinados ou que estavam isentos de apresentarem requisitos de vacinação”, completa a Polícia Federal.

O relator do inquérito sobre possíveis fraudes em cartões de vacina, ministro Alexandre de Moraes, enviou o relatório da PF à PGR para que o órgão avalie se propõe o arquivamento do caso ou oferece uma acusação formal contra os indiciados.

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Procurada pela GloboNews, a defesa de Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente “jamais mandou confeccionar qualquer atestado contendo informações falsas”.

“Por que o faria se não precisaria utilizá-lo? E, mais do que isso, sendo de conhecimento mundial que não se vacinou? Mais um elemento a ratificar que sua inclusão nesta investigação nasce politicamente enviesada”, disse o advogado Paulo Cunha Bueno.

Fonte: g1

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