Uma reunião realizada na manhã desta quinta-feira (18), na sede da Polícia Científica de Alagoas marcou a retomada do projeto Mulheres em Segurança, Assédio Não. O plano implementado em 2019, culminou com a expedição de uma recomendação, que busca prevenir e reprimir o assédio sexual e moral contra mulheres dentro das cinco instituições de segurança pública.
A promotora Karla Padilha, responsável pela 62ª Promotoria de Justiça da Capital, que atua no controle externo da atividade policial, falou da importância do retorno do projeto de combate ao assédio moral e sexual. Ela explicou que a reuniu serviu para saber, dentro de cada instituição, o que foi feito em termos de evolução nesse processo e o que pode ainda ser otimizado no sentido de que as mulheres, vítimas de assédio, se sintam encorajadas, acolhidas e que esses índices, de fato, reflita a realidade.
“Não é possível pensar que, em pleno século XXI, a gente possa conviver e tolerar práticas tão nefastas como essa, que comprometem a qualidade do trabalho realizado pela profissional mulher dentro da segurança pública. A gente sabe que muitas dessas instituições têm um perfil masculino, têm um machismo estrutural, e a gente precisa quebrar isso para trazermos um resultado qualitativo melhor para toda a sociedade”, afirmou a promotora Karla Padilha.
A reunião contou também com a participação da professora Dra. Elaine Pimentel, diretora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), responsável pela pesquisa que originou o programa. Ela e a promotora ouviram os representantes da direção-geral da Polc, do Instituto de Identificação e dos Institutos de Criminalística e Médico-legais de Maceió e Arapiraca.
A perita-geral Rosana Coutinho da Polícia Científica de Alagoas destacou que reunião serviu também para avaliar as providências tomadas em relação aos dados colhidos durante a pesquisa. Ela ressaltou que 100% das mulheres servidoras da Polícia Científica responderam ao questionário e cerca de 24% responderam já ter sofrido algum tipo de assédio.
“Entregamos um relatório sobre as providências tomadas para dar os direcionamentos e fortalecer o projeto, porque não basta saber que mulheres são vítimas de assédio sexual, tem que saber quais as providências o órgão tomou para que essas mulheres denunciem. Como também em relação aos assediadores, para que eles sejam responsabilizados, punidos na forma da lei, e que todos os servidores sejam didaticamente orientados, para que isso exista mais no ambiente de trabalho”, afirmou a perita-geral.
Entre as novidades do projeto, a Polícia Científica que já participa da Rede Estadual de Combate ao Assédio Moral, irá ampliar a divulgação do projeto Mulheres em Segurança, Assédio Não. O órgão irá também instituir uma comissão interna, formada por servidores para criar e desenvolver ações e ferramentas de prevenção e combate ao assédio moral e sexual em todos os Institutos que compõem a estrutura do órgão.