‘Violência que atravessa as pessoas pretas’, diz mulher que gravou casal imitando macaco em roda de samba

Casal imita macacos durante roda de samba no Centro do Rio — Foto: Jackeline Oliveira

Casal imita macacos durante roda de samba no Centro do Rio — Foto: Jackeline Oliveira

A jornalista Jackeline Oliveira ficou indignada com a cena que ela presenciou na noite da última sexta-feira, em uma roda de samba na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. Em um evento produzido e frequentado por muitas pessoas pretas, um casal de pessoas brancas começou a imitar gestos e sons de macacos.

Sem reação, Jackeline gravou a cena ainda sem acreditar que estava presenciando um ato que ela considerou uma violência extrema.

“O racismo é uma violência que atravessa as pessoas pretas de diversas formas. Cada pessoa tem uma reação e as vezes não tem reação. Quando eu vi o que estava acontecendo, a minha reação foi filmar e chamar o segurança”, comentou.

“Isso não é brincadeira, não é deboche, é crime. Racismo é crime e não vamos mais tolerar”, escreveu a jornalista em suas redes sociais.
No vídeo é possível ver que o casal começa a imitar macacos de forma chamativa, no meio de outras pessoas e durante a apresentação dos músicos. Eles pulam e fazem barulhos como macacos. Em determinado momento, a mulher chega a fingir que cata alguma coisa na cabeça do companheiro e come, imitando mais um gesto comum dos macacos.

A cena considerada um ato racista pelos frequentadores do local aconteceu na roda de samba Pede Teresa. A produção do evento também se manifestou na internet contra a atitude do casal. “Uma cena dessa é absolutamente inaceitável no Pede Teresa. Recebemos este vídeo hoje (sábado) cedo e o nojo toma conta de nossos pensamentos e palavras. Nojo. Nojo de toda essa branquitude disfarçada de paz e amor que vem no samba”, escreveu a produção.
Em nota, os organizadores reafirmaram seu compromisso com a luta antirracista e afirmaram que vão procurar a Polícia Civil para denunciar o casal que foi filmado imitando macaco.

“O samba é lugar de gente preta, feito por gente preta. Nosso samba é nosso quilombo, nosso espaço de existência e resistência. No samba não só nos divertimos, mas expressamos nossa humanidade. Nossa tecnologia ancestral. Nosso chão”
“Pessoas brancas tem que pisar devagar e respeitar. Coloquem-se no lugar de vocês que é “nenhum”. Não fazemos questão deste tipo de presença em nosso samba e se virmos este comportamento inaceitável serão expulsos. Pessoas pretas que se sentirem de alguma maneira incomodadas em nosso samba devem procurar nossa produção”, completou a organização do evento.

Jackeline, que trabalha no gabinete da vereadora Mônica Cunha (Psol), a produção do Pede Teresa, junto com advogados da Comissão de Combate ao Racismo da Câmara de Vereadores do Rio afirmaram que na próxima segunda-feira (22) vão procurar a Polícia Civil para denunciar o caso. A jornalista espera que o casal responda pelo crime de racismo.

“O racismo é doloroso, é brutal, porque a gente também se sente culpada. Será que eu deveria ter reagido? Será que eu não deveria ter exposto ali na hora? (…) É tão brutal que pessoas pretas começam a se atacar. (…) Eu não tive reação de chamar a polícia. Hoje (sábado) revendo o vídeo pela manhã eu quis denunciar”, comentou a jornalista em suas redes sociais.

Fonte: G1

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