Pesquisadores encontraram resquícios de cocaína no corpo de tubarões recolhidos na costa do Rio de Janeiro. Segundo as análises, a droga estava nos músculos e no fígado dos animais.
Os tubarões eram vendidos para consumo e os pesquisadores alertam que há risco para a saúde.
Os pesquisadores analisaram 13 tubarões da espécie bico-fino retirados do mar carioca. Em todos eles, havia cocaína. O estudo foi publicado na revista Science of the Total Environment na última semana.
Como o teste foi feito?
A pesquisa foi feita por um grupo do Instituto Oswaldo Cruz. Eles coletaram 13 tubarões de barcos de pesca, que vendem os animais para consumo.
Em laboratório, a equipe testou tecido muscular e hepático (fígado) para saber se havia a droga nos animais.
O achado é que além da droga ter sido detectada em todos os animais, eles ainda foi encontrada em um número 100 vezes maior do que resquícios encontrados em animais em outras pesquisas.
A resposta surpreendente era um tanto quanto esperada pela equipe. Isso porque eles escolheram espécie porque ela passa a vida inteira em águas das costas e, por isso, teria mais contato com águas contaminadas pela cocaína. Tanto pela água, como pelos animais que consomem ao longo da vida — e que também podem estar infectados.
Por que a cocaína estava lá?
Segundo a Polícia Federal, a presença de cocaína vem aumentando nos últimos anos no Brasil. Entre os anos de 2021 e 2023, autoridades apreenderam 109,2 de toneladas da droga em portos e aeroportos. O número em circulação, no entanto, pode ser muito maior.
Um dos meios de transporte da droga é, justamente, pelo mar. O que pode ser responsável por parte da contaminação. No entanto, os pesquisadores não sabem precisar como, exatamente, a droga chega ao mar e infecta os animais. Isso porque há outras fontes como drenagem de laboratórios ilegais onde a cocaína é refinada e até mesmo do esgoto.
Existe risco à saúde?
Os animais que testaram positivos seriam comercializados para a alimentação. Ou seja, poderia entrar em contato com humanos.
A pergunta que fica é: isso pode ser prejudicial à saúde humana? A resposta é sim.
Para além disso, o resultado dá indícios de que pode haver contaminação no mar, o que pode afetar moluscos, crustáceos e peixes ósseos. Sendo assim, um risco também para a biodiversidade.