Envolvidos nas eleições municipais, senadores se licenciam e abrem vagas para suplentes

Ainda que as eleições municipais tradicionalmente mobilizem mais os deputados, alguns senadores devem concorrer como prefeitos ou vice-prefeitos. Outros parlamentares devem voltar às bases eleitorais para participar das articulações do partido na tentativa de conquistar mais prefeituras.

A troca pode envolver ainda acordos internos nos estados ou mesmo combinações feitas na formação da chapa para o Senado.

Ao votar em um senador, o eleitor está automaticamente escolhendo também o primeiro e o segundo suplentes deste parlamentar, já que a chapa é fechada.

É comum que, em troca de apoio, o candidato que é o “cabeça de chapa” deixe acordado com os suplentes para se ausentar por um período específico e permitir que o suplente assuma.

Segundo o regimento do Senado, um titular precisa se licenciar por mais de 120 dias para que o suplente assuma.

Considerando as trocas desde 2020, dos 81 senadores, 15 são suplentes – ou seja, praticamente um quinto da composição da Casa.

Veja alguns dos senadores que se licenciaram em meio às eleições
Eliziane Gama (PSD-MA)
Licenciada desde o dia 16 de julho, Eliziane tinha um acordo firmado com o suplente Bene Camacho (PSD-MA) para que ele assumisse o cargo por um período, segundo aliados.

Desde então, ela assumiu o cargo de secretária de Estado da Juventude no Maranhão, a convite do governador Carlos Brandão (PSB), um aliado antigo.

O movimento mira o fortalecimento do seu grupo político no estado – de olho nas eleições de 2026 – mas é também um reflexo do pleito deste ano: a antiga secretária do cargo se afastou para concorrer como vereadora.

Apesar de ser do PSD, a senadora avisou os líderes do partido que apoiará a candidatura do deputado Duarte Jr. (PSB) à prefeitura de São Luiz (MA), e não o atual prefeito, Eduardo Braide, também do PSD, que tenta a reeleição.

Ela deve voltar ao Senado em outubro, depois de cumprir o período mínimo de 120 dias de licença.

Rogério Marinho (PL-RN)
Importante nome da oposição no Senado e ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, Marinho se licenciou da função no dia 19 de junho. Em seu lugar, assumiu o suplente Flávio Azevedo (PL-RN).

Presidente do PL no Rio Grande do Norte, Marinho se afastou de Brasília para se dedicar às eleições municipais. Segundo aliados, o senador deve ter “palavra decisiva” na formação de chapas no estado.

Recentemente, Marinho se tornou também secretário-geral do PL e deve atuar como articulador do partido em outros estados do Brasil, em especial do Nordeste, a pedido da direção partidária.

Neste ano, o PL quer fazer o maior número possível de prefeitos e Marinho é visto como um nome que pode reorganizar o partido e focar num viés programático e ideológico.

Augusta Brito (PT-CE)
Primeira suplente do ministro da Educação, Camilo Santana, Augusta Brito (PT-CE) assumiu o cargo desde o início do mandato – já que Santana se licenciou em fevereiro de 2023 para integrar o governo Lula.

Em abril, ela também se licenciou do Senado para chefiar a secretaria de Articulação Política do Ceará, em um movimento que faz parte da ofensiva do PT para aumentar o número de prefeituras no interior do Nordeste.

Augusta entrou no lugar de Waldemir Catanho, do PT, ex-secretário de Articulação Política do governador Elmano de Freitas (PT). Waldemir deve se candidatar à prefeitura de Caucaia (CE).

Já a segunda suplente de Camilo Santana no Senado, Janaína Farias (PT-CE), que hoje é senadora no lugar de Brito, também está de olho nas eleições: ela pretende concorrer à prefeitura de Crateús (CE) e, na avaliação de petistas, o cargo de senadora pode dar projeção a sua candidatura.

Nas redes sociais, ela fez uma postagem exaltando o fato de ter apresentado 15 projetos de lei, ou uma proposta por semana, desde que assumiu como senadora, no dia 2 de abril deste ano.

Carlos Viana (Podemos-MG)
Afastado do cargo desde o dia 17 de julho, Carlos Viana (Podemos-MG) é pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte. Por acordo, a vaga no Senado foi liberada para o primeiro suplente, Castellar Neto (PP-MG), no período da campanha.

A liberação para o suplente também faz parte de um combinado firmado entre os dois e deve durar por quatro meses, caso Viana não vença a prefeitura de Belo Horizonte.

No discurso de posse como senador, Castellar Neto agradeceu ao vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), que estava presente na sessão.

Rodrigo Cunha (Podemos-AL) ainda não se licenciou, mas afastamento é dado como certo. — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Rodrigo Cunha (Podemos-AL)
A licença de Rodrigo Cunha ainda não se concretizou, mas é dada como certa por aliados. Isso porque o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), já sinalizou que quer Cunha como vice.

A dança das cadeiras, neste caso, daria o cargo no Senado à primeira suplente, Eudócia Caldas, que é também mãe de JHC.

O movimento já levou a um desgaste com outro personagem importante na política de Alagoas, Arthur Lira (PP-AL), de quem se esperava que sairia a indicação da vice-prefeitura de Maceió.

Cunha, que recebeu o apoio de Lira para a campanha de governador em 2022, protagonizou uma celeuma com Lira durante a votação do projeto que taxou as compras internacionais de até 50 dólares. O senador relatou a proposta defendendo a isenção dessas compras, em um movimento oposto ao de Lira.

O imbróglio inclusive pode se estender até 2026: embora negue publicamente, Cunha poderia assumir a prefeitura caso JHC concorra – e vença – a cadeira para o Senado na próxima eleição para o cargo. Neste caso, a disputa poderia ser com Lira, caso o presidente da Câmara pretenda se tornar senador.

Fonte: g1

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