Recolher animais abandonados nos bairros de Maceió que foram desocupados em razão da mineração, oferecer tratamento contra doenças, alimentação adequada, abrigo digno e promover adoção responsável. Esses são alguns dos objetivos do Programa de Apoio aos Animais, desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos a partir de uma articulação do Ministério Público Estadual (MP/AL), com base em uma proposta de agenda resolutiva, à luz da Resolução 118 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Para constatar um avanço significativo desse programa, os promotores de Meio Ambiente, Alberto Fonseca, titular da 4ª Promotoria de Justiça da Capital, e de Recursos Hídricos, Lavínia Fragoso, titular da 5ª Promotoria de Justiça da Capital, visitaram, nesta sexta-feira (26), o campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em Viçosa. É que no local foram instalados canis e gatis para receber os animais que foram resgatados nos bairros desocupados de Maceió.
Atualmente, mais de 600 cães e gatos já estão nesses abrigos, onde recebem atendimento de médicos veterinários, passam por vacinação, vermifugação e castração. Além disso, os animais são treinados e socializados para um possível processo de adoção.
Segundo o promotor Alberto Fonseca, a instalação dos canis e gatis faz parte do cronograma de ações pactuadas entre as instituições envolvidas. “Percebemos aqui o envolvimento dos profissionais, que tratam esses animais com muito amor e cuidado. O Ministério Público observa com bastante alegria o cumprimento de todos os compromissos da agenda resolutiva”, salientou.
Junto com o MP, também integram o Programa de Apoio aos Animais a Braskem, a Ufal, a Comissão de Bem-estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL), a Fundepes e a Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Combate aos Crimes Ambientais e Proteção Animal.
O professor da Ufal, pesquisador e coordenador do Programa de Apoio aos Animais, Pierre Barnabé Escodro, detalhou que 605 cães e gatos estão nos abrigos construídos no campus da instituição em Viçosa e também em um abrigo da universidade no campus de Rio Largo e na sede do programa, no bairro do Farol.
“Outros 804 animais foram adotados desde que esse trabalho começou. Paralelamente, nós temos o compromisso de cuidar de cada um desses cães e gatos que estão nos abrigos até o último dia de suas vidas, sempre com compromisso e dignidade”, reforçou.
As adoções são conduzidas, conforme o professor, pelo Projeto Fucinho Responsável, que é uma derivação do Programa de Apoio aos Animais. Entre as estratégias, estão as feiras de adoções e divulgação em redes sociais.
Devido à estruturação com base em parcerias, agenda resolutiva e cuidados veterinários em todos os aspectos, visando melhorar a qualidade de vida dos cães e gatos resgatados, o Programa de Apoio aos Animais tornou-se referência na América Latina.
Colaboração e resultados
A advogada Adriana Alves, que preside a Comissão de Bem-estar Animal da OAB-AL, observou que a estrutura dos canis e gatis instalada no campus da Ufal em Viçosa foi pensada e executada para dar o máximo conforto possível aos animais, tendo inclusive espaço para atividades de movimentação e socialização. “Isso é resultado do trabalho e compromisso dos entes envolvidos. E a OAB vem acompanhando todas as etapas desde o começo”, acrescentou.
Os espaços também são equipados com áreas exclusivas para cães e gatos com problemas de saúde que precisam de isolamento ou que não conseguem se socializar com os demais.
Além dos profissionais, há ainda a participação dos estudantes de Medicina Veterinária, cujo curso funciona no campus de Viçosa. “Contamos com estudantes divididos nas áreas de clínica, cirurgia, comportamental e ambiental”, especificou Sharacely de Souza Farias, coordenadora do setor de Pequenos Animais e pesquisadora da instituição.
Para tentar evitar o abandono de animais nos bairros já desocupados e combater os maus tratos, o programa conta com a parceria da Delegacia Especializada de Combate aos Crimes Ambientais e Proteção Animal.
O delegado titular da pasta, Robervaldo Davino, que também participou da visita técnica aos canis e gatis, enfatizou o papel de fiscalização. “Damos apoio e ajudamos a esclarecer os fatos que venham a ocorrer naquela área. Investigamos, fazemos o inquérito e enviamos ao Ministério Público”, concluiu.
As ações de todos os órgãos continuam e, conforme a programação, haverá novas audiências e vistorias.