O Amazonas voltou a bater recorde no número de queimadas em um único dia. Somente na terça-feira (30), foram 783 focos de calor registrados em todo o estado. Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com isso, até a terça-feira (30), o Amazonas contabiliza 4.072 focos de queimadas em julho, o maior número desde 1998, ou seja, em 26 anos, desde quando o Inpe começou a monitorar as queimadas na Amazônia.
De acordo com o Inpe, no ano passado, nessa mesma data, foram registrados apenas 121 queimadas no estado. Comparando os dois anos, houve um aumento expressivo de 547% no número de focos de calor no estado.
- 121 focos de calor registrados no dia 30 de julho de 2023;
- 783 focos de calor registrados no dia 31 de julho de 2024 (aumento de 547% em comparação com 2024;
O número é tão alto que somando o total de focos de calor registrados em julho de 2022 (1.428) e 2023 (1.947), ainda assim o registrado neste ano é superior.
O avanço do fogo ocorre em meio à seca que atinge o estado e que, segundo o governo, deve ser mais severa do que aquela registrada no ano anterior, sendo a maior da história do Amazonas. Na segunda-feira (29), a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus, que banham municípios amazonenses.
Apuí lidera ‘ranking’ do fogo
O município de Apuí, na Região Sul do Amazonas, lidera o ranking das dez cidades que mais queimam no país. Dados do BDQueimadas, do Inpe, também apontam que até o dia 30, o município registrou 1,4 mil queimadas. Em segundo lugar, aparece a vizinha Lábrea, com mais de 900.
As duas cidades amazonenses desbancaram Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul que, até mais da metade do mês, liderou o ranking do fogo.
- 1️⃣ Apuí (AM): 1.434
- 2️⃣ Lábrea (AM): 920
- 3️⃣ Corumbá (MS): 742
- 4️⃣ Itaituba (PA): 719
- 5️⃣ Porto Velho (RO): 633
O superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, disse que o órgão deslocou três brigadas para combater os incêndios na região, que é conhecida no estado como “arco do fogo”, devido a forte presença da pecuária.
“É importante ressaltar que o sul do estado é a região com a maior incidência de incêndios florestais, portanto, o Ibama atua naquela região com três brigadas em Humaitá, Manicoré e Apuí. Também criamos uma quarta brigada em Autazes, na terra indígena Recreio São Feliz. Ao todo, 110 brigadistas em todo o estado”, explicou.
Ainda de acordo com Joel, o Ibama tem desenvolvido, além do combate aos incêndios florestais, atividades de educação ambiental nos municípios: “As atividades desenvolvidas são de educação ambiental, de instrução de escolas, comunitários e produtores rurais sobre o uso do fogo e sobre os incêndios”.
O superintendente também colocou o órgão à disposição para ajudar o estado e os municípios no combate aos incêndios florestais.
Em nota, o Governo do Amazonas disse que tem atuado com rigor no combate às queimadas, especialmente no Sul do Estado, com a Operação Tamoiotatá. As ações integradas envolvem órgãos estaduais e federais e, além de sanções administrativas, resultam em prisões e apreensões de materiais ilícitos. A operação resultou, até junho, na aplicação de R$ 14 milhões em multas (Veja a nota na íntegra ao final da matéria).
Emergência ambiental
O Amazonas está em emergência ambiental devido aos focos de calor. Ao todo, são 22 dos 62 municípios do estado nessa situação. Segundo o estado, durante o período de 180 dias está proibido a prática de fogo, com o sem uso de técnicas de queima controlada.
O cenário que se avizinha parece repetir 2023, quando o Amazonas registrou mais de 20 mil queimadas ambientais, sendo o segundo pior ano desde 1998, quando o Inpe começou a fazer o monitoramento do bioma.
Nota do Governo do Amazonas
O Governo do Amazonas informa que nos últimos anos tem atuado com rigor no combate às queimadas, especialmente no Sul do Estado, com a Operação Tamoiotatá. As ações integradas envolvem órgãos estaduais e federais e, além de sanções administrativas, resultam em prisões e apreensões de materiais ilícitos. A operação resultou, até junho, na aplicação de R$ 14 milhões em multas.
O Estado conta também com as Operações Aceiro, a maior força-tarefa integrada já realizada no Amazonas na repressão de crimes ambientais, e Céu Limpo, com foco na capital. Até 19 de julho, as missões já combateram 1.454 focos de calor. Deste total, 1.381 foram por meio da Operação Aceiro 2024, no interior, e 73 com a Operação Céu Limpo.
Paralelo às operações, o Governo do Amazonas vem fortalecendo as estruturas de fiscalização e combate aos crimes ambientais. Em 2021, o governador inaugurou o Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas (CMAAP) do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
As ações de campo seguem dados de monitoramento via satélite, que são analisados e disponibilizados diariamente por técnicos do Ipaam e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Equipes de diversos órgãos ambientais e de segurança fortalecem a força-tarefa em campo.
Em junho, 10 sensores de monitoramento da Qualidade do Ar foram entregues pela Sema à Defesa Civil do Amazonas. A entrega é fruto de um termo de cooperação entre o Governo do Amazonas e a Embaixada da Coreia do Sul. Até o momento, Nhamundá, Autazes, Careiro Castanho, Manaquiri, Itapiranga, Silves, Maraã, Codajás, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, São Sebastião do Uatumã e Urucará estão com monitoramento ativo.
Todas as operações foram lançadas de forma antecipada neste ano, em virtude da severa estiagem prevista, que impacta no aumento das ocorrências de incêndios. A maior parte do território do Amazonas sofre com o período seco atual, intensificando, assim, a ocorrência de queimadas.