Nas redes sociais, Igor Fernando Palácio compartilhava uma vida de luxo com viagens, motos e jet-skis para os mais de 200 mil seguidores. Na vida real, o influenciador era investigado pela polícia por suspeita de participação em uma quadrilha que aplicava o golpe do falso funcionário em agências bancárias do interior de São Paulo (SP). Ele foi preso no domingo (4), na capital.
Uma troca de mensagens que a polícia teve acesso mostra um dos integrantes do grupo dizendo que as cidades da região de Ribeirão Preto (SP) eram um ‘sertozinho gostoso’.
De acordo com o delegado Rodolfo Latif Sebba, o grupo movimentou, pelo menos, R$ 1 milhão em dois anos abordando clientes de agências bancárias. Em Cravinhos (SP), foram três casos.
“A Polícia Civil agora vai aprofundar a investigação com o intuito de recuperar ativos e tentar entender de onde vem a origem do dinheiro que ele ostentava em redes sociais. Nosso objetivo é trabalhar com essa informação para tentar entender a questão da lavagem de dinheiro ou não, rastrear esse dinheiro, saber como ele pulverizava, se outras empresas também o auxiliavam”.
Além de Palácio, Daniel dos Santos Lima e mais duas pessoas que atuavam como laranjas também já foram identificadas como suspeitas de envolvimento no crime.
A defesa deles não foi encontrada para comentar o assunto. O Banco do Brasil, também vítima da quadrilha, disse à EPTV, afiliada da TV Globo, que investe em ações de conscientização sobre golpes financeiros e que está à disposição dos clientes nos canais de comunicação.
Ainda segundo o delegado, a quadrilha se aproximava, principalmente, de pessoas idosas oferecendo ajuda para que utilizassem caixas eletrônicos em transações.
Câmeras de segurança mostram como eles agiam. Em um dos casos, o homem perdeu R$ 40 mil.
“O pessoal, geralmente, tem bastante habilidade para conseguir passar uma informação verdadeira ou não. Ele tentam, criam dificuldades e essas dificuldades no movimento de fazer uma ação ali no caixa eletrônico, eles conseguiam ter acesso à informação sigilosa dessa pessoas. E essas informações sigilosas, senhas, possibilitavam uma transferência para uma conta desse possível laranja”.
Para conseguir as informações, ainda segundo a polícia, o grupo passava a persuadir ou ludibriar as vítimas.
“Eles se aproximam dessas pessoas e ali, com uma engenharia social, conseguem fazer com que essas pessoas acabem fornecendo ou digitando informações que são confidenciais”.
Grupo escolhia cidades do interior
As investigações da polícia também descobriram que, para agir, o grupo deixava a capital e se concentrava em cidades do interior para despistar as autoridades.
Em uma troca de mensagens que a polícia teve acesso, Daniel diz para um comparsa que o ‘setorzinho é gostoso’, em referência às cidades ‘alvo fácil’ para concretização dos golpes.
“Dá para acertar uma em Ribeirão e voltar batendo, que é certeza que vai acertar nas outras cidades, né, que é Cravinhos, Porto Ferreira, Leme, Araras, Rio Claro, esse ‘sertozinho’ é gostoso, mano”.
Segundo o delegado, só na região de Ribeirão Preto pelo menos dez casos estão em investigação. Todos eles aconteceram em 2022.
“Temos aqui na região mais de dez casos já em andamento, em apuração, desse grupo criminoso específico que aconteceu em 2022. Só aqui na região, já foi mais de R$ 1 milhão de prejuízo a idosos”.
Além de buscar por outros envolvidos no crime, a polícia também vai identificar laranjas que emprestavam contas bancárias para que as transações fossem efetuadas.
“A gente consegue identificar esses ‘conteiros’, consegue rastrear esse dinheiro e essas pessoas também que emprestam as contas, em alguma forma, vão responder pelo crime”.