Arqueólogas “cozinham” para entender dieta Neandertal

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Os Neandertais (Homo neanderthalensis) foram uma espécie ou subespécie de hominídeo que viveu na Eurásia, desde aproximadamente 400.000 anos até cerca de 40.000 anos atrás. Eles são os parentes extintos mais próximos dos humanos modernos (Homo sapiens). Os Neandertais tinham uma estrutura corporal robusta e adaptações para o clima frio, como narizes largos para aquecer o ar frio.

Três arqueólogas, incluindo as portuguesas Marina Igreja e Mariana Nabais, tentaram reproduzir métodos antigos de cozimento de aves usados pelos Neandertais para entender melhor sua dieta.

Os resultados foram publicados na semana passada na revista Frontiers in Environmental Archaeology, de acesso aberto. Marina Igreja e Mariana Nabais são pesquisadoras do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, enquanto Anna Rufà Bonache, do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Universidade do Algarve, completou a equipe.

A equipe testou métodos de preparação que os Neandertais poderiam ter usado para verificar os vestígios deixados nos ossos das aves e compará-los com danos causados por processos naturais ou por outros animais.

Durante a experiência, enfrentaram dificuldades imprevistas, como o uso de lascas de sílex para cortar carne, que eram mais afiadas do que o esperado, exigindo cuidado para evitar ferimentos.

Foram usadas cinco aves selvagens que morreram de causas naturais no Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, em Gouveia: dois corvos, duas rolas-turcas e um pombo-torcaz, espécies semelhantes às consumidas pelos Neandertais.

Os métodos culinários foram selecionados com base em evidências arqueológicas e dados etnográficos. As aves foram depenadas à mão, com o corvo e uma rola-turca sendo esquartejados crus com uma lasca de sílex, e as demais aves assadas sobre brasas antes de serem desmembradas.

Após a preparação, os ossos foram limpos, secos e examinados ao microscópio para identificar marcas de cortes, fraturas e queimaduras, e a lasca de pedra foi analisada em busca de sinais de desgaste. Os cortes feitos em aves cruas não deixaram marcas nos ossos, mas os cortes em tendões mostraram marcas semelhantes às encontradas em sítios arqueológicos. Ossos de aves assadas eram mais quebradiços e apresentavam queimaduras indicativas de exposição ao calor, com manchas negras sugerindo que o interior também foi queimado.

O estudo oferece novas perspectivas sobre como a preparação dos alimentos pelos Neandertais pode ter funcionado e sua visibilidade no registro arqueológico. Embora o assado facilite o acesso à carne, a fragilidade dos ossos assados pode dificultar sua descoberta em escavações.

As autoras sugerem que a pesquisa deve ser expandida para incluir mais espécies de presas pequenas para um entendimento mais completo da dieta dos Neandertais.

Os Neandertais surgiram há cerca de 230 mil anos e desapareceram há cerca de 30 mil anos, vivendo na Eurásia e sobrevivendo pela caça e coleta de vegetais e frutos, além de dominarem o uso do fogo.

Fonte: DOL

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