A estrela de Barnard é uma anã vermelha, o menor tipo de estrela regular, muito menor e menos luminosa que o nosso sol. A cerca de 6 anos-luz de distância, é a mais próxima estrela única — que não orbita com outras estrelas — do nosso sistema solar. Em termos cósmicos, ela está em nossa vizinhança.
Por isso, cientistas ansiosos por estudar mundos próximos potencialmente habitáveis estão animados com a descoberta do primeiro planeta confirmado orbitando a estrela de Barnard, um planeta rochoso com uma massa de cerca de 40% da massa da Terra.
Embora esse planeta, que orbita muito próximo à estrela de Barnard, tenha uma temperatura de superfície muito alta para ser adequado à vida, os pesquisadores encontraram o que chamaram de “fortes indícios” de três outros planetas ao redor da estrela de Barnard que podem ser melhores candidatos.
O planeta confirmado, chamado Barnard b, tem um diâmetro estimado de cerca de três quartos do diâmetro da Terra, ou seja, cerca de 9.700 km.
“É um dos planetas menos massivos já encontrados”, além do nosso sistema solar, disse o astrônomo Jonay González Hernández, do Instituto de Astrofísica de Canárias, em Tenerife, Espanha, principal autor do estudo publicado nesta semana na revista Astronomy & Astrophysics.
Entre os planetas de nosso sistema solar, apenas Marte e Mercúrio são menores.
Com uma temperatura de superfície de cerca de 125 ºC, Barnard b orbita a estrela de Barnard em apenas três dias terrestres a uma distância 20 vezes mais próxima do que o planeta mais interno do sistema solar, Mercúrio, está do Sol.
Planetas além do sistema solar são chamados de exoplanetas. Os cientistas que procuram exoplanetas com possibilidade de abrigar vida observam aqueles que residem na “zona habitável” em torno de uma estrela, onde não é muito quente nem muito frio, e pode haver água líquida na superfície do planeta.
Os pesquisadores usaram um instrumento chamado Espresso no Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, sediado no Chile, para detectar esse planeta. Os outros três planetas em potencial que orbitam a estrela de Barnard aparentemente são todos rochosos e menores que a Terra, variando de 20 a 30% da massa da Terra. A esperança é que pelo menos um deles possa estar nas proximidades da zona habitável.
Se confirmada, essa seria a única estrela conhecida com um sistema multiplanetário composto inteiramente de planetas menores que a Terra.
“Por ser tão fria e pequena, ela é bastante tênue, o que torna sua zona habitável muito mais próxima da estrela do que no caso do Sol”, disse o astrônomo do Instituto de Astrofísica de Canárias e coautor do estudo, Alejandro Suárez Mascareño.
“Ela também é uma estrela muito silenciosa. Embora algumas anãs vermelhas apresentem explosões muito frequentes, a estrela de Barnard não faz isso.”
Quanto mais próximos os exoplanetas estiverem de nós, mais fácil será estudá-los. É mais fácil detectar planetas rochosos de baixa massa em órbita de anãs vermelhas, o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia Via Láctea, do que em torno de estrelas maiores.
Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, 9,5 trilhões de quilômetros. Na ficção científica, a viagem à velocidade da luz é comum. Na realidade, ela está muito além da capacidade humana, embora projetos de pesquisa como o Breakthrough Starshot estejam explorando a viabilidade da viagem interestelar. A estrela de Barnard pode estar na lista de desejos de futuros destinos.
*Com reportagem de Will Dunham, da Reuters