A Polícia Civil passou a investigar o caso do elevador que despencou do 5º andar de um prédio no bairro Higienópolis, no Centro de São Paulo, como morte suspeita e lesão corporal após uma das três vítimas não resistir aos ferimentos e morrer.
O acidente foi registrado no dia 6 de agosto deste ano em um edifício que fica na esquina da Rua Piauí com a Avenida Angélica. Adriana Maria de Jesus, de 45 anos, ficou internada com ferimentos graves, mas morreu no dia 13 de agosto.
Além dela, outros dois homens, de 63 e 27 anos, ficaram feridos. Eles foram socorridos e levados para a Santa Casa com fraturas.
Ao g1, o marido de Adriana, que é porteiro do edifício, relatou que a esposa trabalhava na limpeza de um dos apartamentos do prédio havia 11 anos. No dia do acidente, ela tinha acabado de chegar com as compras do mercado e o elevador não apresentava nenhum problema.
“Ela estava com as compras e eu até abri a porta do elevador pra ela subir. Ela apertou o quinto andar, mas ele [elevador] subiu até o sétimo, quando dois prestadores de serviço entraram. Não havia sobrepeso e estava tudo normal. Quando ela apertou para descer no quinto e ela estava prestes a sair, ele despencou de vez. Ele caiu em queda livre e não abriu. O piso do elevador rompeu e ela teve várias fraturas expostas”, afirmou Gildélio Alves do Santos.
Ainda conforme Gildélio, Adriana e os outros dois feridos foram socorridos conscientes e levados ao hospital. Os dois homens tiveram alta, mas Adriana não resistiu.
“Ela ficou muito machucada mesmo, várias fraturas. No dia que foi levada ao hospital estava consciente e disse pra eu não chorar e cuidar da família dela. Depois que foi pro hospital, ficou incosciente. Passou por cirurgia nas pernas e na cabeça, porque o crânio ficou inchado. E, infelizmente, ela veio a falecer no dia 13. Os outros dois sofreram fraturas e um deles está inválido, sem andar”.
Agora, o marido luta para que o caso seja investigado e que não se tenha mais acidentes.
“Tem que ser investigado. Foi um baque o que houve e vai demorar para eu superar. Estávamos na melhor fase da vida. Tínhamos voltado das férias na Bahia, e estávamos tão bem. No dia que houve a queda ela me mandou fotos de recordação da viagem, declaração de amor”.
“A Adriana foi um grande amor da minha vida. Fomos namorados na adolescência, nos reencontramos depois de 27 anos e estávamos juntos havia seis anos. Não tenho palavras para descrever como ela era. Fazia primeiro para os outros e depois para ela. Ela era uma pessoa incrível”, ressaltou o marido, ao g1.
Nesta quinta-feira (3), o g1 encontrou uma faixa na frente do prédio informando os primeiros nomes das três vítimas e o que aconteceu com elas. A faixa também diz que o elevador havia passado por manutenção da empresa Atlas Schindler 12 dias antes do acidente.
“Um dos moradores resolveu colocar na frente do prédio essa faixa. Ele, inclusive, está me dando apoio depois do que aconteceu. A moradora que era patroa da minha esposa, a Camila, também está me dando muito apoio, até porque eu trabalho no edifício ainda. Tem que ter força, né? E correr para que a Justiça seja feita. Estou tendo muito apoio dos moradores, o Gildo sexto andar, Ernesto do sétimo andar e Camila”.
Em nota, a Schindler disse que se solidariza com todos os envolvidos no incidente e suas famílias, assim como segue dando suporte às autoridades responsáveis para determinar as causas do ocorrido.
“O elevador é um meio de transporte muito seguro, mas, como qualquer produto, está sujeito a um ciclo de vida, que requer atenção especial. A empresa de manutenção identificou e alertou sobre a necessidade de modernização do elevador em questão, que estava em operação há mais de 60 anos. Vale reforçar que a empresa tem a segurança como um de seus principais pilares, e que seus processos são constantemente aprimorados para garantir a segurança dos usuários”, afirmou a empresa.
Na época, a Prefeitura de São Paulo disse que os elevadores do edifício estavam com o Relatório de Inspeção Anual (RIA) em validade, “sem qualquer pendência quanto à instalação geral e funcionamento”.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a investigação está sendo feita pelo 4º Distrito Policial (Consolação). “As equipes da unidade buscam provas e ouvem testemunhas visando ao esclarecimento dos fatos”.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo também lamentou a morte de Adriana.
“Faleceu, na manhã de quarta-feira (14/08), Adriana Maria de Jesus, esposa do porteiro Gildélio Alves dos Santos. Adriana e outras duas pessoas estavam dentro do elevador que despencou, dia 06/08, do 5.o andar do Edifício Santo André, em Higienópolis. O SINDIFÍCIOS lamenta muito a tragédia e irá acompanhar de perto o desenrolar dos fatos. Nossas condolências ao companheiro Gildélio”, afirmou o sindicato.