Hamas confirma morte de Yahya Sinwar por Israel, promete vingança e diz que não devolverá reféns até que guerra acabe

Reuters

Yahya Sinwar

O Hamas confirmou nesta sexta-feira (18) a morte de Yahya Sinwar, que era o número 1 do grupo terrorista. Sinwar, que foi também o mentor dos ataques a Israel em 7 de outubro de 2023, morreu na quinta-feira (17), durante um confronto em terra na Faixa de Gaza.

Este foi o primeiro pronunciamento do Hamas desde o anúncio da morte de Sinwar. A confirmação da morte foi feita por Khalil al-Hayya, membro do alto escalão do grupo terrorista — que está sem comando.

Embora todos os membros da cúpula do grupo tenham sido mortos por Israel, al-Hayya, que é vice-líder do Hamas no Catar, afirmou que o Hamas continuará lutando e prometeu vingança.

Ele disse que o Hamas não devolverá os reféns em poder do grupo terrorista enquanto a guerra em Gaza não acabar.

“Esses prisioneiros não retornarão a vocês antes do fim da agressão a Gaza e da retirada de Gaza”, afirmou.

Al-Hayya virou um dos nomes cotados para assumir a liderança do grupo. Ele liderou a delegação do Hamas durante várias rodadas de negociações de um cessar-fogo no Catar, mediadas pelos EUA, Catar e Egito.

Em uma declaração, o Hamas anunciou Sinwar como um herói que “ascendeu como um mártir heróico, avançando e não recuando, brandindo sua arma, engajando e confrontando o exército de ocupação na vanguarda das fileiras”.

A declaração pareceu se referir a um vídeo que o exército israelense circulou dos aparentes últimos momentos de Sinwar, no qual um homem se senta em uma cadeira em um prédio severamente danificado, gravemente ferido e coberto de poeira. No vídeo, o homem levanta a mão e arremessa um pedaço de pau em um drone israelense que se aproxima.

Em comunicado, ele confirmou ainda que Sinwar morreu durante um combate com soldados israelenses, que o encontraram por acaso em uma casa em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Morte de Sinwar

As Forças Armadas de Israel anunciaram na quinta-feira (17) que mataram o número 1 do Hamas, mentor dos ataques de 7 de outubro de 2023, Yahya Sinwar.

Ele era um dos principais alvos de Israel. Há um ano, quando começou a guerra contra o Hamas, o primeiro bombardeio israelense na Faixa de Gaza foi direcionado à casa de Sinwar.

O terrorista já ficou preso por 23 anos em Israel e teve papel de governante dentro da Faixa Gaza. Ele foi eleito o chefe do Hamas após a morte de Ismail Haniyeh, que foi assassinado por Israel no Irã em julho.

Com apenas dois meses de mandato, Sinwar foi o comandante que chefiou o grupo terrorista por menos tempo. Ele era o único remanescente do principal escalão à frente do Hamas. Todos morreram por ataques de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza.

De acordo com as autoridades, o terrorista morreu durante um confronto com soldados israelenses dentro de uma residência em Rafah, no sul de Gaza. A região foi onde Sinwar nasceu e cresceu.

Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou Sinwar de “destruir suas vidas” e disse que a morte do terrorista “não significa que a guerra acabou”.

A caçada por Sinwar durou mais de um ano e motivou “dezenas de ações realizadas pelas Forças Armadas e pelo Shin Bet [o serviço secreto israelense]”, segundo o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari.

O conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, afirmou nesta quinta que “Inteligência americana ajudou Israel a rastrear e caçar líderes do Hamas, inclusive Sinwar”.

Nascido e crescido na Faixa de Gaza, Sinwar era o líder do Hamas que mais conhecia o território, o que dificultou as operações de Israel. A estratégia, segundo o porta-voz, foi cercá-lo a partir de ataques ao redor de áreas onde o serviço de inteligência identificava que ele poderia estar.

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Arcada dentária identificou terrorista
Na mesma operação, soldados israelenses mataram outros dois integrantes do Hamas, que ainda não haviam sido identificados até a última atualização desta reportagem. Após a troca de tiros, os militares suspeitaram que o terceiro combatente era Sinwar.

Eles colheram amostras de DNA e, após uma análise por peritos, confirmaram que se tratava do terrorista. Segundo a imprensa israelense, exames de arcada dentária também foram feitos.

Sinwar é considerado o principal mentor do ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel, quando o Hamas invadiu Israel e matou cerca de 1.200 pessoas, além de sequestrar outras 230. Israel jurou Sinwar de morte no dia seguinte.

O atentado foi o início da guerra na Faixa de Gaza entre Hamas e Israel. Atualmente, os militares israelenses abriram uma nova frente de batalha contra o grupo extremista Hezbollah, no Líbano.

Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã. O conflito de Israel com esses grupos tem irritado o governo iraniano.

Em 1º de outubro, o Irã lançou uma chuva de mísseis contra Israel. À época, Teerã disse que o ataque foi uma retaliação ao assassinato, pelas forças israelenses, dos então líderes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh.

O governo israelense prometeu vingança, e o caso gerou temores de uma grande escalada do conflito no Oriente Médio.

Quem foi Yahya Sinwar
Depois de seis anos sendo o chefe do Hamas na Faixa de Gaza e o número 2 na hierarquia do grupo, Sinwar foi nomeado em agosto o comandante máximo do grupo terrorista, após a morte de Haniyeh.

Desde que virou comandante o paradeiro de Sinwar era secreto. No entanto, o perfil do terrorista deu pistas a Israel, já que ele tinha uma relação de proximidade com moradores do território.

Eleito por meio de votações secretas, Yahya Sinwar governou a Faixa de Gaza por seis anos. Antes disso, ele passou 23 anos em prisões israelenses, condenado a quatro penas de prisão perpétua pela morte de dois soldados e de quatro palestinos ligados a Israel.

O terrorista foi libertado em 2011, com mais 1.026 prisioneiros palestinos. Em troca, Israel recebeu de volta o soldado Gilad Shalit, que havia sido sequestrado cinco anos antes pelo Hamas.

Sinwar falava e escrevia hebraico fluentemente — ele disse que, enquanto esteve preso, dedicou-se a estudar o inimigo.

Em 2018, durante as negociações para um cessar-fogo com Israel, ele redigiu, à mão e em hebraico, uma mensagem ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com apenas duas palavras: “risco calculado”.

Fonte: g1

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