Morreu aos 79 anos, o poeta, compositor e escritor Antonio Cícero, um Imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele sofria de Alzheimer e optou pelo suicídio assistido na Suiça, onde a prática é permitida.
Cícero, que era imrão da cantora Marina Lima, deixou uma carta de despedida para os amigos, onde explicou sua decisão.
“Queridos amigos,
Encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer.
Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem.
Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi.
Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.
Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.
Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação.
A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas ? senão a coisa ? mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.
Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.
Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.
Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”
Nomes importantes da Música Popular Brasileira manifestaram pesar pela passagem do poeta. Caetano Veloso e Gilberto Gil falaram da imporância dele para as artes e a poesia no Brasil.
Antonio Cícero é autor de hits da MPB, como “Á Francesa” e “Fulgás”, que ficaram famosos na voz de Marina Lima