“Estou em um ponto em que sinto que isso está afetando minha saúde. O medo tem me paralisado, ao ponto de que sair de casa se torna um desafio e me sinto constantemente em alerta, com receio de desconhecidos. Como deputada federal, meu trabalho exige presença pública, pensamento estratégico e soluções para enfrentar o racismo estrutural no Brasil, mas, diante dessa violência, tudo se torna extremamente difícil”, conta.
Dartora enviou cópias das mensagens para a Polícia Federal, para a Polícia Legislativa do Congresso e para o Ministério Público Federal. Ela pediu também proteção pessoal.
Segundo a deputada, os ataques, que considera políticos, não afetam apenas ela, mas também as pessoas próximas a ela.
“Essa violência não me atinge sozinha; ela abala a paz dos que estão ao meu lado, daqueles que me amam, meus amigos e familiares, que vivem diariamente com o coração apertado, temendo pelo que pode me acontecer. Essa violência política é cruel, insuportável – e me adoece”, desabafou.
Esta não é a primeira vez que a política é alvo de ameaças. Ela, que foi a primeira vereadora negra eleita em Curitiba, passou por situações semelhantes em 2020 e em 2022.
A investigação que apura o caso de racismo nas redes sociais, registrado em 2020, ainda está em fase de inquérito para identificar todos os envolvidos.
Já as ameaças de morte registradas em 2022 foram investigadas pela Polícia Federal, que conseguiu rastrear o local de onde veio a ameaça, mas não identificou o autor, conforme a deputada.
Dartora afirma que a violência da qual é vítima é também uma agressão contra o estado democrático e a liberdade de expressão e existência.
“A violência que enfrento é também uma violência contra a democracia, contra o direito de cada brasileira e brasileiro a um Brasil onde todos possam se expressar livremente, sem medo. Quando uma representante eleita é ameaçada pela cor de sua pele, pelo seu gênero, pela coragem de defender o que é justo, todos nós perdemos. Esse é um ataque ao sonho de uma sociedade onde ninguém precisa se esconder ou temer pela própria segurança”, diz.
O crime de racismo ou injúria tem pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa. Além disso, não é passível de fiança e é imprescritível. Já o crime de ameaça tem pena de um a seis meses de detenção, ou multa.