Lula critica investimento em guerras em detrimento ao combate à fome na abertura do G20

‘Temos o maior número de conflitos armados desde a 2ª Guerra’, disse o presidente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu às 11h05 desta segunda-feira (18) o 1º dia da Cúpula de Líderes do G20, o grupo das 19 principais economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana. Lula criticou o investimento em guerras em detrimento ao combate à fome, um dos temas centrais propostos pelo governo brasileiro.

“É muito importante o que vamos decidir aqui, e eu tenho certeza de que se assumirmos a responsabilidade no combate à pobreza, podemos ter sucesso em pouco tempo”, declarou.

“Por isso, eu queria dizer a todos vocês, sejam bem-vindos ao Rio de Janeiro. Aproveite essa cidade que é conhecida como Cidade Maravilhosa. De um lado, a beleza exuberante da natureza sobre os braços abertos do Cristo Redentor; de outro, injustiças sociais profundas”, prosseguiu.

“O mundo está pior: temos o maior número de conflitos armados desde a 2ª Guerra Mundial.”

O G20 no Brasil
Sob comando do Brasil pela primeira vez, o encontro terá foco no combate à fome, na mudança climática e na reforma das instituições de governança global, como a Organização das Nações Unidas (ONU).

O G20 não aprova leis nem impõe obrigações aos países, mas firma compromissos de políticas econômicas, sociais e de governança a serem adotadas. Saiba mais sobre o bloco.

A presidência do bloco muda a cada ano: foi da Índia em 2023, está com o Brasil agora e será da África do Sul em 2025.

Devem participar da cúpula no Rio de Janeiro, entre outros líderes internacionais: Joe Biden (EUA), Xi Jinping (China), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Giorgia Meloni (Itália) e Javier Milei (Argentina). Veja a lista completa. O único presidente que não veio é Vladimir Putin, da Rússia.

Nos bastidores do G20: os detalhes e os encontros que colocam o Brasil no centro das decisões globais

Aliança contra a fome
Uma das principais apostas da presidência brasileira do G20 é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma cooperação entre países para a adoção de políticas públicas de transferência de renda e de incentivo à agricultura familiar.

Até sexta-feira (15), ao menos 37 países já haviam aderido à iniciativa, entre eles a Alemanha, maior economia da Europa. Os objetivos principais da aliança são:

alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferências de renda;
expandir as merendas escolares para mais 150 milhões de crianças;
levar serviços de saúde a 200 milhões de mulheres e crianças.
Saiba mais sobre a iniciativa.

Governança global
A diplomacia brasileira defende mudanças em fóruns e organizações internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU, para que mais nações tenham voz e influência.

No domingo (17), o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a modernização das estruturas de governança global e disse que a composição atual do Conselho de Segurança, em que somente 5 países têm poder de veto, reflete um mundo antigo.

“As ameaças que enfrentamos hoje são interconectadas e internacionais. Mas as instituições globais de resolução de problemas precisam desesperadamente de uma atualização, não menos importante o Conselho de Segurança, que reflete o mundo de 80 anos atrás”, disse.

Ele falou também sobre a necessidade de ajudar nações mais pobres a enfrentar os efeitos da crise do clima.

“Países vulneráveis enfrentam enormes desafios e obstáculos que não são de sua responsabilidade. Eles não estão recebendo o nível de apoio que precisam de uma arquitetura financeira internacional que está desatualizada, ineficaz e injusta.”

Agenda brasileira
O comando brasileiro do grupo começou em 1º de dezembro do ano passado. Ao iniciar a presidência rotativa, o governo do presidente Lula estabeleceu três eixos centrais de discussão para o G20:

– inclusão social e combate à fome e à pobreza;

– transição energética e desenvolvimento sustentável;

– reforma da governança global.

Paralelamente às discussões sobre esses temas, o Brasil também lançou algumas iniciativas, entre as quais:

– G20 Social (com representantes da sociedade civil);

– Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Lula no G20 destaca papel das cidades no clima

Programa de atividades
A agenda do G20 programada para os próximos dois dias prevê uma série de compromissos para os líderes do bloco.

Entre esses compromissos previstos para segunda e terça-feira, estão:

– cerimônia de abertura da cúpula de líderes do G20;

– painel sobre aliança global contra a fome e a pobreza;

– sessão sobre reforma da governança global;

– sessão sobre desenvolvimento sustentável;

– encerramento da cúpula de líderes do G20.

Há uma expectativa de que, entre esses compromissos, o presidente Lula se reúna com alguns líderes internacionais, entre os quais o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que deixará o mandato em janeiro de 2025, quando passará o comando da Casa Branca para o presidente eleito Donald Trump.

Além disso, é possível que Lula conceda na terça-feira (19) uma entrevista coletiva, praxe em eventos internacionais desse porte dos quais o presidente participa.

Na quarta (20), já em Brasília, Lula receberá o presidente da China, Xi Jinping , em uma visita de estado. A China é o principal parceiro comercial do Brasil.

Encontro do U20
No domingo (17), também no Rio de Janeiro, o presidente Lula discursou no encontro do Urban 20 (U20), fórum que reúne prefeitos de cidades dos países que integram o G20.

Em seu pronunciamento, o presidente disse que as cidades têm papel a cumprir contra os extremos climáticos e cobrou financiamento dos países mais ricos para ações ligadas ao meio ambiente e de planejamento urbano em nações menos desenvolvidas.

O presidente disse também que o “planejamento urbano terá papel crucial na transição ecológica e no enfrentamento às mudanças climáticas”. Ele destacou que as cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases de efeito estufa e 75% do consumo de energia.

“Esses mesmos centros urbanos estão desproporcionalmente expostos às consequências das mudanças climáticas, à subida do nível dos oceanos, às ondas de calor, à insegurança hídrica, às enchentes avassaladoras como as que vimos recentemente no sul do Brasil, na Colômbia e na Espanha”, disse.

“As cidades não podem custear sozinhas a transformação urbana. Elas não podem ser negligenciadas nos novos mecanismos de financiamento da transição climática. Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global”, acrescentou.

Fonte: g1

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