O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi convocado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para prestar esclarecimentos em uma audiência marcada para a próxima quinta-feira (21), às 14h. A convocação ocorre após a Polícia Federal (PF) identificar contradições e omissões em seu depoimento. Cid havia prestado depoimento à PF no âmbito do inquérito que investiga suposta tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. A PF enviou um relatório à Corte, no qual aponta que o militar não cumpriu as cláusulas do acordo de delação firmado no ano anterior, apresentando inconsistências em suas declarações.
Durante seu depoimento, Cid negou ter conhecimento sobre um suposto plano golpista idealizado em outubro de 2022 que envolveria o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (recém-eleito na época), do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. Ele prestou um depoimento à PF que durou cerca de três horas e admitiu ter apagado mensagens, alegando que não tinha consciência de que isso poderia ser considerado ilegal. A defesa de Cid ressaltou que ele sempre se mostrou disponível para colaborar com a Justiça.
O ministro Moraes destacou a importância da audiência, ressaltando que as contradições entre os depoimentos de Cid e as investigações da PF precisam ser esclarecidas. Caso Moraes conclua que Cid não respeitou os termos do acordo de delação, a possibilidade de revogação do mesmo poderá levar à sua prisão. Mauro Cid foi detido em 3 de maio de 2023, sob a suspeita de ter inserido informações falsas sobre vacinação no sistema do Ministério da Saúde.
Em setembro do ano passado, Moraes concedeu liberdade provisória ao militar, mas impôs medidas cautelares. Em março deste ano, Cid foi novamente preso por descumprir essas medidas e por obstrução de Justiça, sendo liberado em maio. Além das investigações relacionadas ao suposto plano golpista e à falsificação de dados de vacinação, Cid também colaborou com a apuração sobre a venda de joias e presentes recebidos pelo ex-presidente de autoridades estrangeiras.