O relatório da Polícia Federal (PF) que teve sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), descreve a participação de citados e indiciados no “inquérito do golpe” a partir de seis áreas de atuação.
PF indicia 37 pessoas em inquérito sobre golpe de estado — Foto: Reprodução
O conteúdo da investigação foi enviado ao Supremo na última quinta-feira (21) e indicia 37 pessoas por envolvimento na suposta trama golpista, com o objetivo de impedir que o presidente Lula (PT) tomasse posse, após ser eleito em 2022.
Segundo o documento, os envolvidos no suposto esquema de ataque ao sistema democrático atuaram nos seguintes núcleos:
- Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e apoio a Outros Núcleos
- Núcleo de Inteligência Paralela
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
- Núcleo Jurídico
- Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
O material foi encaminhado nesta terça para apreciação da Procuradoria-geral da República (PGR).
Na decisão, Moraes também manteve o sigilo sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Vale ressaltar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal e ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o presidente do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto, indiciados na semana passada, não constam na lista de participantes dos núcleos.
Veja, abaixo, quem atuava de cada área:
Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
- Mauro Cesar Barbosa Cid;
- Anderson Gustavo Torres;
- Angelo Martins Denicoli;
- Fernando Cerimedo;
- Eder Lindsay Magalhães Balbino;
- Hélio Ferreira Lima;
- Guilherme Marques Almeida;
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros;
- Tércio Arnaud Tomaz;
Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado
- Walter Souza Braga Netto;
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Bernardo Romão Correa Neto;
- Mauro Cesar Barbosa Cid;
Núcleo Jurídico
- Filipe Garcia Martins Pereira;
- Anderson Gustavo Torres;
- Amauri Feres Saad;
- Jose Eduardo de Oliveira e Silva;
- Mauro Cesar Barbosa Cid;
Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
- Bernardo Romão Correa Neto;
- Hélio Ferreira Lima;
- Rafael Martins de Oliveira;
- Alex de Araújo Rodrigues;
- Cleverson Ney Magalhães;
Núcleo de Inteligência Paralela
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira;
- Marcelo Costa Câmara;
- Mauro Cesar Barbosa Cid;
Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e apoio a Outros Núcleos
- Walter Souza Braga Netto;
- Almir Garnier Santos;
- Mario Fernandes;
- Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira;
- Laércio Vergílio;
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira;
Investigação começou em 2023
Desde o ano passado, a PF investiga a tentativa de golpe de Estado e iniciativas nesse sentido que ameaçaram o país entre 2022 e 2023, após Lula ter sido eleito — vencendo Bolsonaro nas urnas — e até pouco depois de ele ter tomado posse.
A investigação remonta aos discursos de altas autoridades do governo Bolsonaro para descreditar a urna eletrônica e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e se estende até o fim de 2022.
Passa, portanto, pelas “minutas do golpe” encontradas na casa do ex-ministro Anderson Torres, no celular de Mauro Cid e na sede do PL em Brasília; e pelo plano, revelado pela operação Contragolpe na última terça (19), que previa inclusive o assassinato de autoridades.
Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, embora também se relacionem a uma tentativa de derrubar Lula da Presidência da República, são investigados em um inquérito separado.