Mulher é levada para delegacia por intolerância contra participantes de evento de combate ao racismo religioso na Barra da Tijuca

De acordo com participantes do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, ela ofendeu praticantes de religiões afro-brasileiras que estavam em vestes tradicionais em evento que discute políticas públicas para combater o crime.

Uma mulher foi encaminhada à 16ª DP (Barra da Tijuca) no último sábado (7), após ser denunciada por intolerância religiosa contra integrantes de um seminário que discutia o crime contra fiéis de religiões de origem afro-brasileiras e suas implicações na sociedade em um hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Reprodução

Participantes do observatório contra o racismo religioso após registro de caso de intolerância na delegacia

De acordo com participantes do Observatório Mãe Beata de Iemanjá, que tem como objetivo sugerir políticas públicas de combate ao racismo religioso, a mulher ofendeu em diversos momentos mulheres que estavam em vestes religiosas, no hall e nos elevadores do Américas Barra Hotel.

Segundo a organização, o evento, que vai até o começo da tarde deste domingo (8), conta com mais de 200 participantes.

“Justamente ontem, infelizmente, durante uma mesa em que tinha duas defensoras públicas palestrando, eu comecei a me sentir mal. Eu resolvi ir ao banheiro. E eu me deparei com a cena em que essa mulher estava gritando no hall do hotel, dizendo que o atendimento estava horrível por causa do que ela chamava de ‘gente feia, gorda, com roupas horrorosas’”, contou a Ialorixá Glauciele de Oxum, que registrou o caso na delegacia.

Após ela discutir sobre a presença dos participantes do evento com vestes religiosas no hall do hotel, outros integrantes a identificaram como autora de outras ofensas ao longo dos dias do evento, principalmente nos elevadores.

“Duas mães-de-santo aqui do Rio estavam no elevador e essa senhora começou a agredir as pessoas, dizendo que elas eram gordas, que elas deveriam sair do elevador. Que éramos uns macumbeiros”, disse Vodunsi Agonjaí Ana Silva, coordenadora nacional de Políticas Públicas e Articulação das Mulheres de Axé do Brasil.

Contando com a presença de defensoras públicas no evento, os participantes decidiram denunciar o caso.

“Eram muitas mulheres mais velhas, de luta, que estavam ali ocupando um espaço elitizado, como se não pudéssemos ter acesso”, afirmou Ana.

O observatório existe desde 2021 e a reunião no hotel tem como objetivo estruturar as iniciativas do grupo. O nome é uma homenagem à Beatriz Moreira Costa, a Mãe Beata de Iemanjá, referência na luta contra o racismo e a intolerância religiosa, que faleceu em 2017.

Polícia

Testemunhas afirmam que a mulher é uma turista de São Paulo e estava acompanhada de uma criança. O nome dela não foi divulgado pela polícia.

“Ainda que a gente tenha conhecimento dos nossos direitos e tenha que fazer valer, é muito triste e doloroso. Ainda mais pelo fato de que ela estava com uma criança”, afirmou a Ialorixá Glauciele de Oxum.

A Polícia Militar afirmou ao g1 que agentes do 31ºBPM (Recreio dos Bandeirantes) foram acionados para uma ocorrência no hotel. No local, os participantes do evento contaram que uma mulher cometeu atos de intolerância contra os praticantes de religiões afro-brasileiras. A PM afirma que todos foram conduzidos para a delegacia.

De acordo com a 16ª DP, a mulher foi autuada em flagrante pelos crimes de intolerância religiosa e racismo. O caso foi encaminhado à Justiça.

O g1 entrou em contato com o Americas Barra Hotel, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Fonte: g1

Veja Mais

Deixe um comentário