Três agentes da Polícia Militar de Campinas (SP) foram identificados e afastados das funções por participar de uma abordagem em que uma dona de casa foi agredida com o soco no rosto.
Um vídeo enviado à EPTV, afiliada à TV Globo, nesta segunda-feira (9) flagrou o momento da agressão. Nas imagens, é possível ver quando os três policiais cercaram a mulher e um deles desferiu um soco da vítima que caiu no chão.
A Corregedoria instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso e afirmou que “não compactua com desvios de conduta dos seus agentes”.
1. O que aconteceu?
O caso aconteceu no dia 21 outubro no bairro Jardim Santa Amália, mas o vídeo foi divulgado pela EPTV nesta segunda (5). Segundo a vítima, os policiais foram acionados pela filha após uma discussão entre as duas.
“O policial logo no começo já foi agressivo comigo com as palavras. Falou que se eu não ficasse quieta, ele iria quebrar minha cara. Ele me deu voz de prisão e eu perguntei o porquê. Ele disse ‘a senhora fica quieta ou eu vou quebrar sua cara’. Nesse momento, comecei a falar alto para meus vizinhos escutarem e ficarem atentos, porque eu senti medo dele nessa hora”, contou a mulher, que preferiu não ser identificada.
2. Como foi a abordagem?
A mulher contou que no momento da abordagem, o policial militar segurava algemas quando desferiu o soco na boca. As imagens da câmera de segurança mostram que o homem levou a mão ao cinto e pegou um objeto antes de agredir a vítima.
“Depois de ele bater, ele jogou a minha cabeça no chão. Na hora eu desmaiei, eu não enxergava, não ouvia. Caí no chão desmaiada. Meus vizinhos pediram para chamar o Samu para me socorrer, eles não deixaram, me colocaram algemada dentro da viatura e me levaram para o pronto-socorro”, diz
3. Violência e ameaças
A mulher contou que os policiais não deixaram os vizinhos chamarem o Samu para prestar auxílio e a colocaram algemada em uma viatura. Os agentes a levaram para um pronto-socorro que tirou um raio-x da cabeça, mas ela não soube do resultado e foi levada para a delegacia em seguida.
A mulher afirmou ter dito ao policial que não denunciaria a agressão por medo, mas que “Deus ia cobrar”. “Ele falou ‘você pode denunciar na Corregedoria, onde você quiser, porque eu sei onde você mora’. E isso me deixou com mais medo ainda”, lembrou.
4. BO feito pelos policiais
A vítima inicialmente não registrou Boletim de Ocorrência (BO) contra os policiais, mas os policiais relataram no BO que a mulher se negou a ir à delegacia, “além de ter dito que os policiais eram de merda e lixo”.
Também foi relatado que a moradora “tentou desferir um soco no rosto do policial, o qual revidou com um golpe contundente, com o uso moderado da força, para conter a resistência e algemá-la”.
5. Quem é a vítima?
Por medo das ameaças recebidas, a mulher preferiu não se identificar. No entanto, a advogada da vítima informou que vai fazer a denúncia do caso na Corregedoria da Polícia Militar e também registrar um novo BO com a versão da mulher agredida.
6. Onde estão os policiais?
A corporação informou que afastou os três policiais das ruas, os remanejando para funções administrativas.
7. O que disseram as autoridades?
Na manhã desta segunda-feira (9), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) havia informado que não tinha recebido as imagens do soco e que, à época, o caso foi registrado como lesão corporal, resistência e violência doméstica.
8. O caso está sendo investigado?
Foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) pela Corregedoria para investigar o caso, que afirmou que “não compactua com desvios de conduta dos seus agentes”. Eles foram ouvidos ainda nesta segunda-feira.
O coronel Adriano Augusto Leão, comandante do Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2), explicou que além dos depoimentos dos policiais e de outras pessoas como vizinhos, foi requisitada a íntegra das imagens para serem analisadas.
Em nota, o Comando de Policiamento do Interior 2 (CPI-2) disse que a corporação “irá adotar providências imediatas para a rigorosa apuração dos fatos para responsabilização dos envolvidos. Identificados os policiais serão remanejados das atividades operacionais para a apuração”.