Uma mulher, de 38 anos, tentou vender o próprio filho, de um ano, por R$ 1,2 mil na orla de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Conforme registrado em boletim de ocorrência, obtido pelo g1 nesta sexta-feira (13), o menino foi entregue pela PM ao Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos, desidratação e insolação. A mãe chegou a ser presa, mas acabou liberada após audiência de custódia.
Uma das testemunhas foi a advogada Glauce Abdalla, de 49 anos, que é presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Araras (SP) e tem uma casa de veraneio em Praia Grande. Ao g1, ela contou que estava com familiares na praia do bairro Ocian quando viu um tumulto ao redor de uma mulher que “chacoalhava” uma criança chorando.
Ao se aproximar, Glauce foi informada por outras três mulheres de que a mãe tinha tentado vender o menino por R$ 1,2 mil. A quantia foi confirmada à equipe de reportagem pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
“Ela [mãe do menino] pediu um dinheiro, as mulheres falaram que não iam dar e ela ofereceu a criança: ‘Olha, estou vendendo’. Uma das mulheres perguntaram: ‘Quanto você quer?’ [e ela respondeu:] ‘1.200 reais'”, lembrou a advogada.
Presa
O soldado da PM Raphael Freitas foi acionado junto com outro colega para atender a ocorrência. No local, os agentes encontraram a mulher pedindo dinheiro e recolhendo latas de alumínio enquanto a criança estava suja e sozinha na areia da praia.
“Quando percebeu a chegada da equipe, ela pegou a criança e, com muita agressividade, ofendia a equipe enquanto afirmava ter usado entorpecentes”, afirmou Freitas, que foi agredido pela mulher.
Com a ajuda de Glauce, os policiais convenceram a mãe de soltar o filho para ser algemada e levada à Central de Polícia Judiciária (CPJ) da cidade. De acordo com a SSP-SP, o caso foi registrado como maus-tratos e resistência, em 18 de novembro.
Liberada
Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) disse que a mulher passou por audiência de custódia em 19 de novembro e a prisão foi substituída por medidas protetivas.
De acordo com o TJ-SP, ela é obrigada a manter uma distância mínima de 300 metros do filho, sendo proibida de ter qualquer tipo de contato ou aproximação dele.
Criança
Segundo o BO, os policiais levaram o menor até o Pronto-socorro (PS) Central após deixarem a mulher na delegacia. Na unidade de saúde, o PM Freitas contou que o médico ficou “chocado” com a situação e confirmou que o menino estava com insolação e desidratação.
O marido de Glauce comprou mamadeira e leite para o menor, enquanto Freitas ajudou a enfermeira a dar banho nele. Ainda de acordo com o PM, o menino recebeu alta médica e foi levado pelas conselheiras tutelares para um abrigo.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.