O assassino que denunciou a filha e o genro de fazendeiro suspeitos de mandar matá-lo por herança de R$ 3 milhões ameaçou o casal de ir para a cadeira, afirmou a polícia. Ele disse que os denunciaria à polícia caso não pagassem o que prometeram ao encomendar o homicídio, de acordo com imagens enviadas pela Polícia Civil. “Acho bom não me bloquear de novo, tá bom? Ou me paga ou vai todo mundo para a cadeia, beleza?”, escreveu o suspeito.
O fazendeiro foi morto com dois tiros em uma emboscada no dia 1º de abril, na zona rural de Campinorte (GO). O genro e a filha dele são suspeitos de ordenar a execução para ficar com a herança, já que a mulher é a única herdeira do homem morto.
A ameaça de denunciar o casal à polícia aconteceu pelo Instagram. O suposto mandante do crime pediu para que o executor o chamasse para conversar pelo WhatsApp, onde as ameaças continuaram. “Acho bom cumprir o combinado”, escreveu o suposto assassino.
O genro do fazendeiro chegou a perguntar ao homem “quanto você quer?”. E o homem disse que queria receber os R$ 20 mil combinados, quando o crime foi encomendando. O executor até sugeriu parcelar a dívida: “Você manda R$ 6 [mil] essa semana para mim, eu mando buscar aí R$ 7 mês que vem e R$ 7 no outro mês”.
O homem concordou com o parcelamento, mas depois pediu para o executor esperar. “Tu não sabe o que está acontecendo aqui”, disse ele. “Não tá indo um processo ainda. Falei para tu: quando acabar o processo. Aí você vem com essa ameaça para cima de mim”, completou o genro do fazendeiro.
O marido da suspeita concordou com o parcelamento, mas depois pediu para o executor esperar. “Tu não sabe o que está acontecendo aqui”, disse ele. “Não tá indo um processo ainda. Falei para tu: quando acabar o processo. Aí você vem com essa ameaça para cima de mim”, completou o marido.
O executor denunciou o casal, que foi preso no dia 20 de dezembro, em Campos Verdes, no norte de Goiás. O assassino está foragido.
“Ele fez um número falso e os denunciou ‘anonimamente’ para polícia. Com fotos, vídeos e print da negociação”, explicou o delegado Peterson Amin.
A Defensoria Pública informou que representou o casal suspeito de encomendar o crime durante a audiência de custódia, cumprindo o dever legal, mas não comentará o caso. De acordo com Anderson, os dois seguem presos após a audiência de custódia.
Como a DPE-GO não está presente permanentemente na comarca, será desabilitada do processo, cabendo aos acusados constituírem defesa ou à Justiça nomear um defensor. O delegado informou que a defesa dos suspeitos não se apresentou, até a última atualização desta reportagem.
A filha afirmou à polícia que o marido foi o responsável por organizar o crime e alegou que não o denunciou por medo, segundo o delegado Peterson Amin. O investigador, no entanto, disse que não acredita na versão apresentada pela mulher e afirma que ela também está envolvida no crime. O marido dela ficou calado durante o depoimento.
O crime
Conforme as conversas divulgadas pela polícia, o executor e o marido da suspeita acertaram o crime “no meio do mato”. Esse homem, por sua vez, contratou outros dois comparsas para matar o fazendeiro.
O assassinato aconteceu em 1º de abril, na zona rural de Campinorte. De acordo com a Polícia Civil, o pai da suspeita foi morto em uma emboscada, após ser abordado por três homens enquanto pilotava uma motocicleta. Ele foi atingido com dois tiros.
Herança
De acordo com a Polícia Civil, a mulher é a única herdeira do patrimônio do pai. Conforme o delegado, a herança incluía 20 alqueires de terra, 110 cabeças de gado, quatro imóveis e dinheiro em conta bancária.
Segundo a polícia, a mulher tentou movimentar o dinheiro da conta bancária do pai, mas não conseguiu. Ela também chegou a vender cabeças de gado e uma casa cerca de três meses depois da morte dele, o que causou estranheza aos investigadores.