Quatro indígenas Avá-Guarani ficaram feridos durante o ataque a uma área de disputa de terras entre Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná.
A Polícia Federal (PF) investiga o caso, que aconteceu na noite de sexta-feira (3). A autoria do ataque é investigada.
A RPC, afiliada da Globo no Paraná, apurou que quatro pessoas, de 7, 14, 25 e 28 anos, foram atingidas e levadas para o Hospital Bom Jesus de Toledo. Não há detalhes sobre o estado de saúde das vítimas.
Imagens divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) mostram indígenas cobertos de sangue.
De acordo com o órgão, a comunidade foi atacada a tiros, de surpresa, por pessoas que armaram uma emboscada.
A suspeita deles é que o grupo indígena estivesse sendo monitorado em pelo menos três pontos da aldeia Yvy Okaju.
O CIMI também informou que o grupo tem sido alvo de ataques desde 30 de dezembro de 2024, quando a região da aldeia foi atingida por rojões e, também, por um incêndio que eles acreditam ter origem criminosa.
Nos dois últimos dias do ano, conforme o grupo, dois membros da aldeira ficaram feridos.
Vilma Vera, da Comissão da Mulher Indígena da aldeia Yvy Okaju, disse que o grupo tem pedido ajuda ao Governo Federal.
“É uma guerra, na verdade. Nós estamos sendo atacados todos os dias, todas as noites. Nós não temos armas para nos defender. A única coisa que nós temos é o nosso corpo.”
Em nota, a PF disse que forças de segurança federais, estaduais e municipais estiveram no local na noite de sexta (3) para evitar novos episódios de violência. Afirmou, também, que foi realizada perícia no local na manhã deste sábado (04).
Desde o início de 2024, a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) tem feito monitoramento da região de maneira mais constante, porém, conforme os indígenas, eles não estavam no local no momento do ataque.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que a Força Nacional foi informada do ataque por volta de 21h. Disse, também, que equipes foram mobilizadas para reforçar o patrulhamento na área.
“A situação permanece sob vigilância contínua pelas forças de segurança, com reforços programados para garantir a proteção da comunidade e mitigar novos riscos […] O ministério reafirma seu compromisso com a mediação pacífica e a prevenção de conflitos. As ações adotadas já restabeleceram a ordem, e medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões.”
O g1 aguarda retorno do Ministério dos Povos Indígenas.
“Basta de covardia”, dizem associações e comissões dos povos indígenas
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (ARPINSul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (ARPINSudeste) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) demonstraram indignação e repúdio aos ataques.
“A Apib, a CGY, a Arpin Sul, a Articulação Arpin Sudeste e o Cimi vêm denunciando recorrentemente estes graves acontecimentos criminosos, mas a atuação do governo federal é absolutamente ineficiente, quando não inerte; de fato, o governo parece acovardado […].Basta de covardia”, afirmaram.
Conflitos no oeste do Paraná
O conflito por demarcação de terra na região oeste do Paraná é histórico.
Indígenas reivindicam novos lugares porque, durante a construção da Usina de Itaipu, muitas áreas rurais das duas cidades ficaram alagadas e as áreas ocupadas seriam de terras que não passaram por processo de demarcação.
Paralelamente, agricultores afirmam ter direito à área em disputa.